Enquanto a Guerra Fria seguia a sua trajetória , outros países desenvolviam-se tecnologicamente em diversos setores industriais , conquistavam fatias expressivas no mercado internacional e ganhos de produtividade superiores aos dos Estados Unidos. Os que tiveram maior crescimento , na segunda metade do século XX, foram justamente os dois grandes derrotados na Segunda Guerra Mundial: O Japão e a ex-Alemanha Ocidental. No início da década de 1950 , o valor da produção de mercadorias e de serviços dos Estados Unidos, incluindo as rendas geradas fora do seu próprio território , ou seja, o PNB (produto Nacional Bruto) , era superior ao do conjunto dos países da Europa Ocidental e Japão. A renda per capita norte-americana era pelo menos quinze vezes superior á japonesa e quatro vezes superior à alemã. Esse quadro mudou. A partir da década de 1970 , Alemanha e Japão atingiram taxas de crescimento superiores ás da economia dos Estados Unidos. A Alemanha , particularmente , acabou também sendo beneficiada pelo sucesso da integração ao Mercado Comum Europeu, atual União européia. Em 1990 , com a reunificação , ela reafirmou-se como maior potência da União Europeia , por causa do fortalecimento das relações com os países que formavam o bloco socialista no Leste europeu, por meio da expansão das empresas alemães e da ampliação dos intercâmbios comerciais e financeiros com aqueles países. No entanto, ao longos dos anos 1990 - um período de grande aceleração do processo de globalização e de desenvolvimento das tecnologias de informação, da informática , das telecomunicações, das atividades legadas às finanças e ao entretenimento -, os Estados Unidos tiveram um crescimento econômico expressivo (média de 3,2% ao ano) superior ao do Japão (média de 1,4% ao ano), que enfrentou anos de recessão e crises no sistema bancário , e ao da Alemanha (média de 1,9% ao ano), que sentiu o custo da absorção da porção oriental. Enfim , a globalização , um processo de aceleração do sistema capitalista sem precedentes na história, aumentou ainda mais o poderio econômico da chamada Tríade: o Japão , a União Européia (liderada pela Alemanha) e os Estados Unidos respondem por cerca de 70% do PIB mundial e por 80% dos investimentos diretos no exterior. No entanto, é preciso considerar , neste início de século XXI , a formação de mais uma potência na Ásia: a China. Esse país , que detém arsenal nuclear, é a quarta potência mundial em termos de comércio exterior (as primeiras são : Estados Unidos , japão e Alemanha, nesta ordem) e a sexta maior economia do mundo. A China tem o maior contingente populacional do globo - cerca de 1,3 bilhões de habitantes-, que constitui um mercado em expansão , e uma economia que cresce mais de 7% ao ano (10 % ao ano , em média , no período 1990-2000). A Rússia , por sua vez, integra o G-8² , apesar de enfrentar uma etapa difícil de transição da economia centralmente planejada para uma economia de mercado , às voltas com crises econômico-financeiras, aumento da pobreza e da corrupção , concentração de renda e guerras separatistas. Mas é a segunda potência nuclear no planeta e, em seu imenso território , dispõe de grandes reservas minerais inclusive petróleo. Além disso, mantém relações de cooperação com o Irã - país importante no contexto geopolítico do Oriente Médio - para a construção de reatores nucleares, acordos militares com a Índia e , desde julho de 2001 (quando assinou com os chineses um acordo de amizade), busca estreitar relações políticas com a China.
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domingo, 27 de maio de 2018
sexta-feira, 25 de maio de 2018
O Brasil No Mundo Globalizado
Há um texto que introduz o nosso capítulo que vem de 1986 e já indicava as transformações tecnológicas que se manifestavam na sociedade brasileira. Mas foi a partir de 1990 que a globalização teve maior impacto no Brasil. A economia brasileira enfrentava uma série de problemas : endividamento em relação aos países desenvolvidos ; déficit público elevado ; escassez de financiamento para a atividade produtiva com índices assustadores no final da década de 80 os preços subiam diariamente e a inflação chegou a 80% ao mês. Foi no início da década de 1990 que o Brasil passou a adotar as receitas neoliberais , abrindo seu mercado interno , reduzindo barreiras protecionistas , criando maiores facilidades para a entrada de mercadorias e de investimentos externos, como aplicações financeiras , compra de empresas nacionais ou participação acionária. A ideia era contar com o capital estrangeiro para retomar o crescimento econômico. Alegava-se que a proteção ás empresas nacionais tronava-as ineficientes e que a concorrência era saudável para estimular o desenvolvimento e recuperar o atraso de alguns setores. Dessa forma , esperava-se que a economia brasileira passasse a ser mais competitiva , interna e externamente , sem precisar de subsídios e protecionismo. A origem do processo e formação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às grandes navegações empreendidas pelos Estados-nações recém -formados na Europa , a partir do século XV. Nessa época, esses Estados expandiram o comércio , explorando os produtos e recursos da América , da África e Ásia e passaram a exercer forte domínio sobre os povos desses continentes , controlando a extração e a produção neles realizadas. As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não possuíam autonomia administrativa , e seus recursos e riquezas eram explorados intensamente , em benefício de alguns países , como Portugal , Espanha , Holanda , França e Inglaterra (as metrópoles) . A exploração dos recursos das colônias , como metais preciosos , império e produtos agrícolas , proporcionou de fato um grande enriquecimento .as metrópoles. Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo . São os casos da Austrália , Nova Zelândia, Canadá e dos EUA.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Por Uma Outra Globalização
Diversos movimentos surgiram em todo o mundo frente às consequências negativas com que a globalização atingiu as várias sociedades, inclusive as de países ricos. Eles partem do princípio de que as multinacionais conquistaram tanto poder que estão dando forma ao mundo segundo os seus interesse econômicos . O governos dos países desenvolvidos , quando defendem os seus interesses econômicos , estão defendendo , principalmente , espaço para a expansão destes grandes conglomerados multinacionais. Por outro lado , os países mais pobres disputam os seus investimentos atraindo a instalação destes menos conglomerados abrindo os seus mercados. Esses movimentos se tornaram mais visíveis quando, no final do século XX, a OMC organizou em Seattle (EUA) a "Rodada do Milênio" para discutir as perspectivas do comércio internacional para o século XXI , com representantes do governo de 130 países. Diversas organizações da sociedade civil como ONGs (Organizações Não-Governamentais), sindicatos , ambientalistas , estudantes promoveram uma grande manifestação contra o evento, e o protesto foi reprimido pela polícia. De lá para cá, qualquer encontro da OMC ou dos países ricos virou ponto de encontro dos movimentos contra os rumos que têm trilhado o processo de globalização. Esses movimentos têm propostas e preocupações muito diferentes e até divergentes . Agrupam ambientalistas que estão preocupados com os grandes problemas ambientais mundiais, reformistas que lutam por uma globalização mais humana , sindicalistas que estão preocupados com os direitos dos trabalhadores , nacionalistas que querem maior defesa do mercado nacional, minorias negras, indígenas que lutam contra a discriminação , o MST que luta pela reforma agrária, enfim , uma lista interminável de grupos. Ainda não existe de fato um movimento homogêneo , mas uma série de movimentos que se unem em torno de um lema comum. Não existe uma única visão d emundo nem um grupo hegemônico entre eles. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre , que ocorreu pela primeira vez em 2001, marcou a presença do Brasil na luta por uma globalização mais justa. Deu o primeiro passo para a discussão de propostas voltadas para a melhoria da qualidade de vida da sociedade globalizada e para a elaboração de estratégia comuns que agrupem os diversos movimentos para contrabalançar com a globalização do capital, preocupada prioritariamente com a obtenção de lucro.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
O Estado Na Economia Globalizada
As atribuições do Estado inicialmente baseavam-se na defesa do território , no bem-estar das pessoas , na garantia da propriedade e no relacionamento político e comercial com outros Estados. Ao longo da história, essas atribuições foram aumentando. Com algumas variações de país para país , o Estado foi agregando uma série de outras funções , por exemplo:
1ª- Participação acionária em empresas dos mais variados setores;
2ª- Investimento em educação , saúde , moradia e pesquisa;
3ª- Pagamento de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;
4ª- Controle da circulação da moeda;
5ª- Realização de empréstimos a juros baixos e isenção de impostos para determinados grupo sociais (subsídios);
6ª- Estabelecimento de taxa de juros , que serve de base para as atividades financeiras , inclusive bancárias;
7ª- Construção e manutenção de equipamentos de infra-estrutura (rodovias , ferrovia , viadutos , portos , aeroportos , usinas e redes de distribuição de energia elétrica etc.).
Na década de 1980 abriu-se uma nova discussão sobre o papel do Estado , por causa das cries econômico financeiras em países subdesenvolvidos e dos elevados déficits públicos de muito países. Para os teóricos das organizações financeiras internacionais (banco Mundial e FMI) e para o governo dos EUA, a crise e a nova economia globalizada exigiam um Estado que não interferisse no livre comércio , que facilitasse a atuação das grandes empresas , que cobrasse menos impostos e reduzisse seus gastos , inclusive nos setores sociais (saúde , educação , moradia , previdência ). Essas ideias e proposta foram chamadas de neoliberais. O Estado , na concepção neoliberal , deve intervir pouco na economia , procurando eliminar as barreiras com comércio internacional , atrair investimento estrangeiros e privatizar as empresas públicas. Para os neoliberais, não é o papel do Estado extrair petróleo ou minério , administrar refinarias , siderúrgicas ou participar de qualquer outro tipo de atividade econômica. Cabe ao Estado estimular a pesquisa tecnológica para apoiar a iniciativa privada, assegurar a estabilidade econômica e facilitar o livre funcionamento do mercado. A produção de mercadorias é papel das empresas particulares. Os gastos do governo , inclusive os sociais (saúde; educação ; previdência social, por exemplo, pagamento de aposentadorias e pensões) devem ser restringidos , a fim de gerar receitas para o pagamento dos juros da dívida pública e para não acarretar déficits nas contas do governo. Além disso , a eliminação ou a modificação de alguns direito trabalhistas devem ocorrer para estimular novas contratações , uma vez que , segundo os neoliberais , os gastos das empresas com mão-de-obra acabam repassados ao preço dos produtos , que perdem competitividade no mercado internacional. Da mesma forma , os gastos do Estado em setores que amparam a sociedade (por exemplo, saúde e educação), não devem ser muito alto para que não acarretem também impostos elevados sobre as empresas e sobre a sociedade como um todo. A adoção das práticas neoliberais fez com que vários Estados enfraquecessem os mecanismos de controle da economia e das fronteiras comerciais, tornando os países subdesenvolvidos vulneráveis à atuação das grandes corporações multinacionais , originárias , em sua maioria , nos países desenvolvidos. Com isso , ampliaram-se as desigualdades (sociais e econômicas) entre os países , visto que o neoliberalismo e a livre concorrência atendem melhor os que tem maior capacidade de investimento, tecnologia mais avançada e maior capacidade de atuação no mercado mundial, como é o caso dos países desenvolvidos.
sábado, 19 de maio de 2018
Interação Gênica - Resumo
Na interação gênica, os genes de um par agem de forma combinadamente com genes de outro par (ou outros pares) , a fim de condicionar um determinado fenótipo. Este fenômeno é também conhecido como polimeria. Na polimeria de genes complementares , o fenótipo depende da "combinação" que se forma entre os genes dominantes e recessivos dos pares que interagem. É o caso das galinhas , por exemplo. Na interação com epistasia , um gene de determinado par pode inibir a ação de genes de outro par não alelo. O gene inibidor é chamado epistático. O gene inibido é chamado hipostático . Isso ocorre , por exemplo, com a transmissão da cor da plumagem em galinhas Leghorn. A herança quantitativa é um caso de polimeria de genes cumulativos. Aqui , cada gene atuante dá a sua "contribuição" para acentuar a expressividade do caráter em foco. É o que ocorre com a herança da cor da pele humana. Não importa quais são os genes atuantes no genótipo, mas sim quantos gene atuantes estão no genótipo. Os Genes têm , portanto, valor quantitativo e não qualitativo.
quinta-feira, 17 de maio de 2018
A Jornada de Trabalho No Capitalismo no Século XIX
"Que é uma jornada de trabalho?" De quanto é o tempo durante o qual o capital pode consumir a força de trabalho, cujo valor diário ele paga? Por quanto tempo pode ser prolongada a jornada de trabalho além do tempo de trabalho necessário à reprodução dessa mesma força de trabalho? A essas perguntas , viu-se que o capital responde: a jornada de trabalho compreende diariamente as 24 horas completas, depois de descontar as poucas horas de descanso, sem as quais a força de trabalho fica totalmente impossibilitada de realizar novamente sua tarefa. Entende-se por si, desde logo, que o trabalhador , durante toda a sua existência , nada mais é que força de trabalho e que , por isso, todo o seu tempo disponível é por natureza e por direito tempo de trabalho , portanto, pertencente à autovalorização do capital. Tempo para a educação humana , para o desenvolvimento intelectual, para o preenchimento de funções sociais , para o convívio social , para o jogo livre das forças vitais físicas e espirituais , mesmo o tempo livre de domingo- e mesmo no país do sábado santificado- pura futilidade! [...] Em vez da conservação normal da força de trabalho determinar aqui o limite da jornada de trabalho é , ao contrário, o maior dispêndio possível diário da força de trabalho que determina, por mais penoso e doentiamente violento, o limite do tempo de descanso do trabalhador. O capital não se importa com a duração de vida da força de trabalho. O que interessa a ele, pura e simplesmente , é um maximum de força de trabalho que em uma jornada de trabalho poderá ser feito fluir. [...] A produção capitalista , que é essencialmente produção de mais-valia , absorção de mais-trabalho, produz , portanto, com o prolongamento da jornada de trabalho não apenas a atrofia da força de trabalho, a qual é roubada de suas condições normais , morais e físicas, de desenvolvimento e atividade. Ela produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de produção do trabalhador num prazo determinado mediante o encurtamento de seu tempo de vida.
-Marx, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. V.1.p. 211-2.
terça-feira, 15 de maio de 2018
Max Weber , o Indivíduo e a Ação Social
O alemão Max Weber (1864-1920) , diferentemente de Durkheim , tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações . Por que as pessoas tomam determinadas decisões? Quais são as razões para seus aos? Segundo esse autor , a sociedade existe concretamente , mas não é algo externo e acima das pessoas , e sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim, Weber , partindo do indivíduo e de suas motivações, pretende compreender a sociedade como um todo. O conceito básico para Weber é o de ação social , entendida como o ato de se comunicar , de se relacionar , tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. "Outros" , no caso, pode significar tanto um indivíduo apenas como vários, indeterminados e até desconhecidos . Como o próprio Weber exemplifica , o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros tantos , conhecidos ou não, estejam dispostos a também aceitá-lo como elemento de troca. Seguindo esse raciocínio, Weber declara que a ação social não é idêntica a uma ação homogênea de muitos indivíduos. Ele dá um exemplo: quando estão caminhando na rua e começa a chover , muitas pessoas abrem seus guarda-chuvas ao mesmo tempo. A ação de cada indivíduo não está orientada pela dos demais , mas sim pela necessidade de proteger-se da chuva. Weber também diz que a ação social não é idêntica a uma ação influenciada , que ocorre muito frequentemente nos chamados fenômenos de massa. Quando há uma grande aglomeração, quando se reúnem muitos indivíduos por alguma razão, estes agem influenciados por comportamentos grupais, isto é , fazem determinadas coisas porque todos estão fazendo. Max Weber , ao analisar o modo como os indivíduos agem e levando em conta a maneira como eles orientam suas ações , agrupou as ações individuais em quatro grandes tipos , a saber : a ação tradicional , ação afetiva , ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins. A ação tradicional tem por base um costume arraigado , a tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota quase automaticamente , reagindo a estímulos habituais. Expressões como "Eu sempre fiz assim " ou "Lá em casa sempre se faz deste jeito" exemplificam tais ações. A ação afetiva tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O sentido da ação está nela mesma. Age efetivamente quem satisfaz suas necessidades , seus desejos , sejam eles de alegria, de gozo , de vingança , não importa. O que importa é dar vazão às paixões momentâneas. Age assim aquele indivíduo que diz: "Tudo pelo prazer" ou "O principal é viver o momento". A ação racional com relação a valores fundamenta-se em convicções , tais como o dever , a dignidade , a beleza , a sabedoria, a piedade ou a transcendência de uma causa, qualquer que seja gênero , sem levar em conta as consequências previsíveis. O indivíduo age baseado naquelas convicções e crê que tem certo "mandado" para fazer aquilo. Se as consequências forem boas ou ruins , prejudiciais ou não, isso não importa , pois ele age de acordo com aquilo em que acredita. Age dessa forma o individuo que diz : "Eu acredito que a minha missão aqui na Terra é fazer isso" ou "O fundamental é que nossa causa seja vitoriosa". A ação racional com relação a fins fundamenta-se numa avaliação da relação entre meios e fins. Nesse tipo de ação, o indivíduo pensa antes de agir em uma dada situação. Age dessa forma o indivíduo que programa , pesa e mede as consequências , e afirma : " Se eu fizer isso ou aquilo, pode acontecer tal ou qual coisa; então, vamos ver qual é a melhor alternativa" ou "creio que seja melhor conseguir tais elementos para podermos atingir aquele alvo , pois , do contrário, não conseguiremos nada e só gastaremos energia e recursos". Para Weber , esses tipos de ação social não existem em estado puro , pois os indivíduos , quando agem no cotidiano , mesclam alguns ou vários tipos de ação social. São "tipos ideais" , construções teóricas utilizadas pelo sociólogo para analisar a realidade. Como se pode perceber , para Weber , ao contrário do que defende Durkheim , as normas , os costumes e as regras sociais não são algo externo ao indivíduo , mas estão internalizados , e , com base no que traz dentro de si, o indivíduo escolhe condutas e comportamentos , dependendo das situações que se lhe apresentam. Assim, as relações sociais consistem na probabilidade de que se aja socialmente com determinado sentido, sempre numa perspectiva de reciprocidade por parte dos outros.
domingo, 13 de maio de 2018
Saint-simon e a Nova Ciência Dos Fenômenos Sociais
Claude-Henri de Rouvroy- Conde de Saint-Simon - , apesar de pertencer à nobreza , avaliava que o Antigo Regime estava corrompido e não podia durar muito mais. Durante a Revolução Francesa, renunciou ao título de conde e adotou o nome plebeu Claude Henri Bonhomme. Saint-Simon via a história como um sucessão de épocas críticas (momentos de crise) e épocas orgânicas (assentadas em crenças e valores bem estabelecidos). Defendia a ideia de que o apogeu de um sistema coincidia com o início de sua decadência e apontava três épocas orgânicas na história ocidental: a Antiguidade greco-romana, seguida pela época crítica das invasões bárbaras; a Idade Média , seguida pela época crítica do Renascimento até a Revolução Francesa , e a era industrial , que já se podia vislumbrar. Saint-Simon detectava a existência de duas grandes classes em sua época e na sociedade francesa em particular : a dos ociosos (a a realeza , a aristocracia e o clero, os militares e a burocracia que administrava a estrutura dos que nada produziam) e a dos produtores ou industriais (cientistas , engenheiros , médicos, banqueiros, comerciantes , industriais , artesãos , lavradores , trabalhadores braçais , enfim , todos os cidadãos úteis para o desenvolvimento da França). Para que a sociedade pós-revolucionária na França se firmasse seria necessário que a ciência tomasse o lugar da autoridade da Igreja , formando-se assim uma nova elite , agora científica. A ciência deveria substituir a religião como força de coesão. Os cientistas substituiriam os clérigos e os industriais , senhores feudais . A aliança dos cientistas com os industriais conformaria a nova classe dirigente. Mas deveriam estar na direção apenas os mais capazes em cada campo. E seriam chamados por saber mais da sociedade: os cientistas porque a estudavam e os industriais porque , pela prática , sabiam o que funcionava melhor. Desde 1803 Saint-Simon escreveu uma série de livros em que professava sua confiança no futuro da ciência e buscava uma lei que guiasse a investigação dos fenômenos sociais, tal como a lei gravitacional de Newton em relação aos fenômenos naturais. A nova ciência teria como principal tarefa descobrir as leis do desenvolvimento social , pois elas poderiam indicar para a sociedade o caminho do progresso continuado. Entre seus escritos, destaca-se : Reorganização da Sociedade Europeia (com Augustin Thierry, 1814) , A Indústria ou Discussões Políticas , Morais e Filosóficas no interesse de todos os homens livres e trabalhadores úteis e independentes (1816-1817), O Organizador (1819), O Sistema Industrial (1821-1823), O Catecismo dos Industriais (1822-1824) e Novo Cristianismo (1824).
sexta-feira, 11 de maio de 2018
Desenrolar da Guerra
Ocorre que , na época , os Estados componentes do Sacro Império ainda guardavam fortes heranças feudais. Nesse período, nenhum príncipe , nem eleitores , nem o imperador possuíam exércitos permanentes e disciplinados. Os combatentes utilizavam-se tropas mercenárias recrutadas por autênticos empresários de guerra , que alugavam seus serviços a quem pagasse melhor . Esses exércitos eram formados por pessoas da pior espécie , muitas vezes criminosos. Os mercenários arrasavam as regiões onde acampavam e combatiam. No início , as operações eram mais favoráveis ao imperador e ao partido católico. Os austríacos contavam com dois notáveis chefes militares ao seu lado, Tilly e Waldstein , que foi o mais brilhante general da primeira fase da guerra. Contando com o apoio dos Habsburgos , da Espanha , cujo exército era, ainda , um dos melhores da Europa , o imperador Frederico II (que sucedera Matias I) conseguiu submeter os tchecos , reconquistando a Boêmia. Os protestantes ficaram, assim , em minoria no Colégio Eleitoral , contando com apenas dois representantes em sete. O rei da Dinamarca , protestante , temendo a expansão austríaca , resolveu interferir no conflito , mas suas tropas sofreram um revés (1629). Em 1631, a cidade de Magdeburgo é saqueada pelos católicos , o que provocaria a entrada de Gustavo Adolfo , da Suécia , na guerra. Contando com moderno e eficiente exército e dotado de notável talento militar , o rei sueco mudou o curso dos acontecimentos. Os católicos foram derrotados em várias oportunidades e perderam a vontade de agir . Em 1634 , morreu em combate o rei Gustavo Adolfo , fazendo com que estancasse o ímpeto da ofensiva germânica , mas mesmo assim não acabou a guerra. A França , apesar de católica , procurava influir secretamente para a derrotar do império austríaco. Entrou na guerra em 1635 . A intervenção foi de início infeliz , pois os espanhóis conseguiram penetrar em território francês através dos Pireneus e dos Países Baixos , chegando a ameaçar Paris. A França conseguiu se recuperar graças à ação de Condé e Turenne. A Germânia, cansada , desgastada de tantas lutas , começou negociações em 1644. Em 1648 foi celebrada a Paz de Westfália. A guerra entre franceses e espanhóis continuou , porém , até 1659.
quarta-feira, 9 de maio de 2018
As Potências No Pós-Guerra
A Segunda Guerra deixou um mundo a ser reconstruído , cidades arrasadas, povos enfraquecidos. Uma grande tarefa foi empreendida : reurbanização , reorganização da vida social , pública e política , fixação de valores culturais para o novo período. As potências vencedoras da guerra apresentavam um quadro contrastante: -A Rússia , tida como a maior responsável pela vitória (perdeu 20 milhões de pessoas no conflito), estava à beira da ruína financeira. A miséria assolava o país e todos os setores necessitavam de urgentes reformas. -Os Estados Unidos da América , responsáveis pelo armamento moderno (nuclear) , que apressou o fim da guerra , tiveram poucas baixas e a felicidade de não ter seu território invadido. Por esse país ter entrado tardiamente na Segunda Guerra Mundial, sobrou-lhe capital. Era o único país em boas condições financeiras e que apresentava uma economia interna em expansão. Os dois países , Rússia e Estados Unidos , se uniram , embora diferissem em organização política e social . A Rússia , socialista , pregava o anti-imperialismo e a autonomia dos povos a partir das propostas das massas proletárias. Os Estados Unidos , com seu modelo capitalista , pregavam oportunidades iguais e ascensão segundo o mérito individual. Cada um dos países tinha seus interesses a defender: -A Rússia queria sair do isolamento em que a Revolução Socialista de 1917 a havia colocado ; portanto , sua luta era para conseguir nações que compartilhassem sua ideologia política e social. -Os Estados Unidos queriam assegurar o pleno desenvolvimento capitalista, com expansão de mercados consumidores. Na Conferência de Yalta , que reuniu os três maiores estadistas da época - Roosevelt, Stalin e Churchill - , decidiu-se a indenização devida pelos países perdedores. Stalin tratou de assegurar o domínio da Europa Oriental, conseguido pelos militares russos durante a guerra e que , por esse motivo , não poderia ser contestado. Dessa forma , a Rússia garantiu seu apoio ao sistema político. A Europa Ocidental foi dividida entre as outras potências. A Alemanha ficou ficou dividida em quatro zonas de influência : francesa , americana , russa e inglesa. Posteriormente , a influência foi limitada à hegemonia norte-americana e russa . A supremacia russa na Europa Ocidental provocou desconfiança nos países capitalistas. Essa situação se acentuou quando a Tchecoslovaquia quis libertar-se do modelo soviético e teve sua rebelião prontamente sufocada pelos russos.
segunda-feira, 7 de maio de 2018
Mudança e Transformação Social
Não existem sociedades sem mudanças. Às vezes não percebemos as alterações , mas elas acontecem a todo momento, em toda parte. Há transformações maiores que atingem toda a humanidade e, menores , que aconteceu no cotidiano das pessoas . Normalmente elas estão interligadas. Duas grandes transformações vividas pela humanidade, mais tarde conhecidas como Revolução Agrícola e Revolução Industrial , não foram percebidas de imediato pelas pessoas , pois aconteceram lentamente. Hoje , há mudanças provocadas pela engenharia genética , pela nanotecnologia , pela robótica , pelos sistemas de comunicação ou pela busca de alternativas energéticas, mas não conseguimos enxergar todos os seus efeitos em nossa vida. Existem, porém , transformações mais evidentes , como as relacionadas às revoluções políticas e sociais dos século XVIII e XIX , na Europa. Essas transformações suscitaram a reflexão de vários pensadores e o próprio desenvolvimento da Sociologia. Outras revoluções aconteceram no século XX, como a mexicana , a russa , a chinesa e a cubana , e repercutiram em todo o mundo. A Sociologia nasceu da crise provocada pela desagregação do sistema feudal e pelo surgimento do capitalismo. As transformações decorrentes desse processo abalaram todos os setores da sociedade europeia e depois atingiram a maior parte do mundo. Muitos autores se esforçaram para entender o que estava ocorrendo.
quinta-feira, 3 de maio de 2018
Revolução Socialista em Cuba
Quase 10 anos depois da revolução comunista na China , os cubanos viram Fidel Castro subir ao poder pela força da Revolução Cubana. Em janeiro de 1959 começava uma nova era em Cuba , uma das ilhas do Caribe , na América Central. O processo que levou Fidel Castro e seus companheiros ao poder em Cuba, em 1¤ de janeiro de 1959, iniciou-se anos antes, em 1953 , com a tentativa de tomada do quartel de Moncada , por um grupo de estudantes e recém-formados que lutavam contra a ditadura de Fulgencio Batista, que estava no poder havia aproximadamente 20 anos. Fidel Castro foi condenado e preso, mas conseguiu fugir e foi para o México, onde se reuniu com antigos companheiros de luta e conheceu o argentino Ernesto "Che" Guevara, que aderiu ao movimento dos cubanos para derrubar a ditadura de Batista. Esse grupo chegou a Cuba em dezembro de 1956 em um barco, mas a maioria dos 83 homens morreu nos combates iniciais , sobrando apenas 12 guerrilheiros para continuar a luta. Mas já existiam outras pessoas lutando pela revolução nas cidades e também no campo. O grande mérito desse pequeno grupo foi agregar todos na mesma luta e, após três anos, entrar vitorioso em Havana. A derrocada da ditadura não foi influenciada pelos comunistas que viviam em Cuba , pois eles eram contrários à ação de Fidel Castro e seus companheiros , e somente aderiram à revolta quando perceberam que ela era vitoriosa. Tomou o poder , então, Fidel Castro , com a proposta de fazer um governo com apoio popular. Pouco a pouco , por causa das ações do novo governo - como, por exemplo, a reforma agrária prevendo a indenização dos antigos proprietários - , os Estados Unidos viram o novo poder em Cuba com desconfiança e começaram a impor dificuldades ao comércio da ilha. Isso propiciou a aproximação entre Cuba e URSS. Nessa nova relação comercial, Cuba vendia açúcar para a União Soviética , que lhe fornecia petróleo. As refinarias de petróleo existentes em Cuba , de propriedade estadunidense , se recusavam a processar o produto. O novo governo então as expropriou , o que significou o fim das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. A situação entre os dois países , que já estava ruim , piorou quando o governo de John Kennedy, por intermédio da Agência Central de Inteligência (CIA- sigla em inglês), em abril de 1961 , apoiou a invasão da ilha por um grupo de exilados cubanos, que pretendiam começar uma levante contra o novo governo. Foram derrotados pelo Exército e pela reação popular no local aonde chegaram : a Baía dos Porccos . Logo após, Fidel Castro declarou que Cuba era a mais nova república socialista no mundo. Então, os partidos que o apoiavam foram reunidos no Partido Comunista Cubano, que passou a ser único e tinha o apoio declarado da URSS. Graças a esse apoio incondicional da URSS , foi possível melhorar significativamente as condições de vida da população da ilha , pois o principal produto de exportação cubana era o açúcar , que era comprado em condições bem favoráveis pelo bloco soviético, e também porque a ilha recebia em condições bem favoráveis pelo bloco soviético , e também porque a ilha recebia petróleo por preço mais baixo do que o praticado no mercado mundial. Entretanto, o bloqueio comercial dos Estados Unidos e seus aliados contra Cuba prejudicou as relações da ilha com o resto do mundo. Enquanto obteve as condições excepcionais de apoio da URSS, Cuba pôde desenvolver um sistema educacional e de saúde igual aos dos melhores países do mundo, além de proporcionar à população uma qualidade de vida invejável. Entretanto, com o fim da URSS , em 1991, as condições de vida em Cuba se tornaram precárias , principalmente em relação aos bens de consumo e de moradia. Na primeira década do século XXI, o sistema político permanecia centralizado no Partido Comunista Cubano e na figura emblemática de Fidel Castro , substituído no poder por seu irmão Raul Castro , que assumiu a presidência em fevereiro de 2008 . Apesar dos méritos em transformar radicalmente a situação da população em Cuba , faltava na ilha a liberdade de expressão e a possibilidade de haver outras formas de organização política que não fosse o partido único. O caso cubano é diferente dos anteriores , pois Cuba é um país pequeno, uma ilha na qual ainda há uma base militar dos Estados Unidos, com pouquíssimos recursos naturais , que ainda sofre um bloqueio por parte dos Estados Unidos e de muitos países europeus. Mesmo assim, continua sua marcha para manter uma sociedade socialista.
terça-feira, 1 de maio de 2018
Sintese de Proteínas
As características morfológicas e fisiológicas de um ser vivo dependem dos tipos de proteína sintetizados por seu organismo. A síntese dessas proteínas , por sua vez, depende da atuação do DNA das células em interação com os ácidos ribonucleicos (RNA) , o aparato enzimático e determinadas estruturas celulares. Ao contrário do DNA, cuja molécula é formada de um filamento duplo , a molécula de RNA tem apenas um filamento de nucleotídeos (alguns vírus , porém , têm RNA com filamento duplo), que possuem ribose, no lugar da desoxirribose , e a base nitrogenada uracila, em vez de timina . Além disso, há moléculas de RNA que, embora não determinem a estrutura de proteínas , possuem importantes funções no metabolismo celular. Um trecho de um filamentos do DNA , com o auxílio de enzimas, fabrica uma molécula de RNA chamada RNA mensageiro (RNAm). Nessa síntese chamada transcrição, os encaixes obrigatórios entre as bases são novamente respeitados. Desse modo , um trecho do DNA serve como molde para orientar a síntese de um RNA específico . Esse RNA , por sua vez, vai atuar no citoplasma , na síntese de uma proteína específica. Durante a síntese de proteínas (tradução), intervém outro tipo de RNA , de molécula menor, o RNA transportador (RNAt), cuja função é levar os aminoácidos até o RNAm. Cada tipo de RNAt carrega apenas um tipo de aminoácido. Os aminoácidos são colocados em posições definidas , de acordo com o encaixe específico entre três bases do RNAt ( o anticódon) e três do RNAm (o códon). Assim , a sequência de bases do RNAm determina a sequência de aminoácidos , o que vai caracterizar o tipo de polipeptídeo ou de proteína formado (uma proteína pode ser formada por dois ou mais polipeptídeos). De forma simplificada, podemos dizer, então, que a sequência de bases de um segmento de bases do RNAm. Essa sequência define o tipo de polipeptídeo ou de proteína formado. Por sua vez , as proteínas , mais a influência dos fatores ambientais, são responsáveis por determinados efeitos estruturais ou funcionais do organismo, isto é , por suas características (fenótipo). Como vimos no primeiro volume desta parte , um segmento de DNA pode originar mais de uma proteína ou de uma cadeia polipeptídica, pela remoção de certos trechos do RNAm (íntrons) e pela união de trechos codificantes (éxons) de diferentes maneiras , antes de sua participação na síntese de uma proteína. Além disso, boa parte de nosso DNA não codifica proteína , estando envolvida , por exemplo. Na regulação da atividade dos genes. Ocasionalmente ocorrem alterações no material genético , chamadas mutações, que podem ser causadas por radiações , substâncias químicas ou erros no emparelhamento das bases não corrigidos pelas enzimas que agem na duplicação do DNA. As mutações modificam a sequência de bases nitrogenadas , o que pode alterar as proteínas fabricadas e , consequentemente, as características do organismo. O gene modificado poderá alterar alguma função da célula e até provocar uma doença. A mutação pode afetar também genes que controlam a divisão e causar certos tipos de câncer , como o de mama, o retinoblastoma (câncer na retina), algumas formas de leucemia, etc.
domingo, 29 de abril de 2018
A Convocação da Assembléia dos Estados Gerais
Na tentativa de solucionar o problema, o rei decidiu-se pela convocação dos Estados Gerais . Essa Assembléia reunia representantes dos três Estados que compunham a nação e não se reuniam desde 1614. O Primeiro Estado era representado pelo clero. Subdividia-se em alto clero (nobres e baixo clero (padres de paróquia),cuja vida se assemelhava à dos camponeses. O Segundo Estado era composto pela nobreza compreendia os senhores que viviam na Corte e eram mantidos pelo tesouro real: a nobreza do campo , na maior parte arruinada e vivendo da cobrança de impostos sobre os camponeses; e a nobreza que exercia o poder jurídico , composta por burgueses enriquecidos que compravam títulos de nobres arruinados. O Terceiro Estado compreendia classes bem diferentes entre si: ricos burgueses , donos de estabelecimentos comerciais e industriais , banqueiros , artesãos , pequenos comerciantes , camponeses (proprietários ou assalariados) e operários. O Terceiro Estado representava mais de 80% da população da França e não possuía nenhum poder político , mas era o único a pagar impostos e, portanto, mantinha economicamente a nação. Apesar disso, sua participação na Assembléia era apenas figurativa : os votos eram computados por Estados; como o Primeiro e o Segundo Estado tinham interesses comuns , sempre derrotavam as propostas do Terceiro Estado. Com a convocação da Assembléia , o Terceiro Estado mobilizou-se: solicitou ao rei representantes em quantidade numérica idêntica à dos dois outros Estados (cada estado tinha 300 representantes) e também que o voto fosse individual e não por Estado. A burguesia fez circular amplamente os "Cahiers de Doléances" que eram relatórios feitos em cada Departamento (cada Estado Francês) , onde o povo deveria anotar suas reivindicações. Seu objetivo era tentar uma participação política efetiva , como representantes do Estados mais numerosos da nação.
sexta-feira, 27 de abril de 2018
Agricultura Patronal
Na agricultura patronal (ou empresarial) , prevalece a mão de obra contratada e desvinculada da família do administrador ou do proprietário da terra. As grandes empresas agrícolas são as responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas agrícolas em que predominam os complexos agroindustriais , nos quais as atividades agrícolas estão integradas às industriais. Aparecem sobretudo nos países desenvolvidos - Estados Unidos, Canadá , Austrália e alguns países da Unidão Europeia - , em economias emergentes como Brasil , Argentina , Indonésia e Malásia , e em algumas regiões tropicais da África que vêm recebendo investimento estrangeiro , principalmente da China e de países do Oriente Médio . Nessas empresas, a produtividade é muito alta em decorrência da seleção de sementes , do uso intensivo de fertilizantes , do elevado grau de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita , da utilização de silos de armazenagem e do sistemático acompanhamento de todas as etapas de produção e comercialização por técnicos , engenheiros e administradores. Sua produção é voltada ao abastecimento tanto do mercado interno quanto ao externo. Desta forma , as atividades agrícolas e pecuárias estão plenamente integradas aos setores industriais e de serviços , criando uma grande cadeia produtiva. O insumos (fertilizantes , agrotóxicos , rações , vacinas , combustíveis) e equipamentos (tratores , colheitadeiras , sistemas de irrigação , estufas etc.) utilizados pela agropecuária são produzidos por indústrias especializadas. Em contrapartida, os produtos agrícolas abastecem as agroindústrias responsáveis pelo processamento de matérias-primas e de alimentos , as industrias químicas , têxteis , de mobiliário e de muitos outros produtos que são consumidos no mercado interno e/ou exportados. A agropecuária exerce influência direta sobre vários setores da economia , criando uma vasta cadeia produtiva . Essa influência é chamada pelos economistas de "efeitos para a frente e para trás", ou ainda , "efeitos a montante e a jusante" . Antes da produção agrícola e pecuária , são acionadas indústrias de máquinas , adubos , agrotóxicos , vacinas, rações , arames para cercas etc. Após a produção , as atividades na agroindústria , na armazenagem e na comercialização são postas em ação. Além disso , ao longo de toda a cadeia estão envolvidos os setores de transporte, energia, comunicações, administração , marketing , vendas, seguros e muitos outros. Essa extensa cadeia produtiva constitui os complexos agro-industrias, agronegócios, que envolvem todas as atividades primárias , secundárias e terciárias que fazem parte da cadeia produtiva. Para ilustrar a importância econômica dos agronegócios , podemos observar os dados quantitativos brasileiros de 2008 segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) da USP. Nesse ano, o PIB da agropecuária atingiu a cifra de R$ 764 bilhões; enquanto agropecuária foi responsável por cerca de 7% do PIB brasileiro, os agronegócios foram responsáveis por aproximadamente 26% de toda a produção econômica do país. Os governos também costumam analisar o setor agropecuário considerando sua ligação com outras esferas socioeconômicas: a importância dos agronegócios para o mercado de trabalho e no combate ao desemprego, a garantia de abastecimento alimentar em quantidade e qualidade satisfatório e , finalmente , sua influência na balança comercial ao reduzir as importações e estimular as exportações. Esses fatores levam muitos países, sobretudo os desenvolvidos , a estabelecerem políticas protecionistas e subsídios à produção agropecuária , o que cria fortes distorções no mercado mundial e prejudica muitos países em desenvolvimento e emergentes. Nos países desenvolvidos e nas regiões modernas dos países em desenvolvimento , onde os complexos agroindustriais se implantaram , verificou-se um tendência à concentração de terras e à especialização produtiva. Nos Estados Unidos , por exemplo, as grandes propriedades. Na área de um cinturão , embora haja outros produtos, predomina um determinado tipo de cultivo que lhe dá o nome , como é o caso, por exemplo, do cinturão do milho/soja. No Brasil também existem várias regiões especializadas em determinado produto : cana-de-açúcar, e laranja no oeste Paulista , Grão (Soja , milho e outros) na Campanha Gaúcha , no Oeste Baiano, no Sul do Maranhão e Piauí e em vastas áreas do Centro-Oeste , criação de aves e suínos e processamento de sua carne no Oeste Catarinense , produção irrigada de frutas no Vale do São Francisco, entre muitos outros exemplos. Outro tipo de agricultura cuja mão de obra está desvinculada do proprietário ou do administrador é a plantation. grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para a exportação. Forma de exploração típica dos países tropicais , a plantation foi amplamente utilizada durante a colonização europeia na América , com mão de obra escrava. Expandiu-se posteriormente para a África e para o Sul e o Sudeste Asiático. Na atualidade, esse sistema permanece em várias regiões de países em desenvolvimento (Colômbia , países da América Central , Gana , Costa do Marfim , Índia , Malásia, etc.). Além de mão de obra assalariada , utiliza trabalho semi-escravo, quando se trabalho em troca de moradia e alimentação, adota tecnologia defasadas e não obtém grande produtividade.
quarta-feira, 25 de abril de 2018
O Sistema Nervoso Periférico e Suas Divisões Funcionais
Em termos funcionais , o sistema nervoso periférico (SNP) pode ser considerado sensorial e motor. A divisão sensorial compreende os neurônios que levam ao SNC informações sobre os estímulos ambientais e internos do corpo percebidos pelos receptores sensoriais. A divisão motora apresenta: ¤Neurônios motores que formam o sistema nervoso periférico somático: encaminham mensagens do SNC aos músculos esqueléticos , principalmente em resposta a estímulos do ambiente. Neste caso a resposta é voluntária, ou seja, depende da vontade, embora em alguns casos os músculos esqueléticos possam apresentar movimentos involuntários, determinados por reflexos mediados pela medula espinhal. Neste caso, cada neurônio motor tem o corpo celular dentro do SNC, e o axônio vai diretamente ao músculo; ¤Neurônios motores que formam o sistema nervoso periférico autônomo ou visceral : encaminham mensagens do SNC aos músculos não-estriados (lisos) e estriado cardíaco e ao sistema endócrino; a resposta é involuntária, ou seja, independe da vontade.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Violência Urbana
A violência- roubos , assaltos , sequestros , homicídios etc. - atinge milhões de pessoas no mundo inteiro, fazendo muitas vítimas e gerando sensação de medo e insegurança. O indicador mundialmente considerado para medir a violência é o homicídio . Além de ser a maior agressão contra a pessoa , porque lhe tira a vida , quase todos os casos são relatados e, portanto, contabilizados nas estatísticas. A violência contra a pessoa não está necessariamente associada à pobreza , como muitas vezes se pensa. Por exemplo, há países mais pobres que o Brasil , como a Índia e o Vietnã, que apresentam índices significativamente menores de violência. Ela é mais grave em países marcados por acentuada desigualdade socioeconômica , entre os quais o Brasil. Nos países desenvolvidos , o nível de violência é desigual : como sabemos que os Estados Unidos apresentam índices de violência mais elevados do que países de igual nível de desenvolvimento e mesmo países bem mais pobres. Isso ocorre porque o país tem os maiores níveis de desigualdade no mundo desenvolvido , permite a livre comercialização de armas de fogo e impera uma cultura armamentista em amplos setores da população. Dentro de qualquer país , a violência também é desigual do ponto de vista social e territorial. Na maioria dos países , inclusive no Brasil, as maiores vítimas de homicídio são jovens de 15 a 24 anos do sexo masculino. Em termos territoriais , há estados , municípios e bairros mais violentos que outros. A violência contra a vida é maior nas regiões metropolitanas, onde vive grande parcela da população e a desigualdade social é mais acentuada . No Brasil, capital do estado de São Paulo é mais violenta do que a maioria das pequenas cidades brasileiras. Entanto, seria um erro concluir que as metrópoles são sempre mais violentas e as pequenas cidades sempre tranquilas. Entre 2004 e 2006 , a cidade mais violenta do Brasil, em termos relativos, foi Coronel Sapucaia, localizada na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Naquele período esse município de 14 mil habitantes registrou uma média de 15,7 assassinatos , o que resulta numa taxa de 107,2 homicídios por 100 mil habitantes. A maior incidência de homicídios em termos absolutos naturalmente se concentra nas maiores cidades. São Paulo , com 11 milhões de habitantes , embora tenha o maior número absoluto de homicídios do país . No interior de uma metrópole o índice de violência é desigual , e mesmo dentro de um município há bairros com diferentes graus de violência. Os bairros mais bem equipados com infraestrutura urbana e mais bem policiados , em geral os mais centrais, tendem a ter um índice menor de violência que os bairros mal servidos, a maioria localizados na periferia. Por exemplo, em 2008 , o Jardim Paulista , um bairro central , teve um índice de homicídio de 1,3 por 100 mil habitantes; no outro extremo, Marsilac, localizado na periferia distante da zona sul da cidade , o índice foi o de 40,6 por 100 mil (média do município : 11,9). Na discussão sobre as causas da violência , os especialistas cada vez mais salientam a importância de se considerar o capital social de uma comunidade. Quando o capital social é alto - família , escola , igrejas , associações comunitárias , centros de esporte e lazer etc. - e as pessoas sentem-se amparadas por uma rede de apoio e proteção, há pouca propensão às ações criminais . Entretanto , quando o capital social é baixo , as pessoas ficam desamparadas , sem perspectiva , e muitas acabam caindo na rede de criminalidade, como acontece em muitas favelas , cortiços e bairros periféricos das cidades brasileiras.
sábado, 21 de abril de 2018
Como Interpretar Probabilidades Genéticas
A Genética é uma ciência essencialmente estatística. Repare que todas as respostas aos problemas formulados são apresentadas em proporções em percentuais. Por outro lado, a Estatística tem toda a sua estrutura na pesquisa quantitativa , matemática, dos fatos e das coisas. Assim, os dados estatísticos são tão mais corretos quanto maior for o número de casos investigados ou avaliados. Isto quer dizer que, quanto maior for a amostragem, mais próximo da realidade será o resultado estimado. Imagine , por exemplo, que um colega seu se dispusesse a fazer um levantamento da frequência de pessoas louras e de olhos azuis na população brasileira tomando para amostragem apenas os colegas da sua própria turma. Se, por acaso , na sua turma não tivesse nenhum aluno com aquelas características, ele concluiria , então , que a frequência de 0%. E essa conclusão seria simplesmente decepcionante . Para que a sua pesquisa se aproximasse da realidade, ele teria que observar muitos milhões de brasileiros. Quando você faz um problema de cruzamentos entre cobaias heterozigóticas de pêlo preto e liso, obtém um resultado onde cruzam cobaias pretas e lisas , pretas e crespas , brancas e lisas e brancas e crespas , numa proporção , respectivamente , de 9:3:3:1 . Isso nos diz que , em cada grupo de 16 descendentes , uma apenas deve ter a pelagem branca e crespa. É um caso de diibridismo com dominância . Mas, se acompanharmos pessoalmente , na prática , os cruzamentos mencionados, vemos que pode muito bem ocorrer o nascimento de duas ou três cobaias brancas e crespas (ou nenhuma) em 16 crias. Na verdade , aquela frequência avaliada em 1/16 está sujeita a uma margem de erro grande quando considerada em 16 casos apenas (amostragem muito pequena). Mas ela se mostrará bem real se usarmos muitas centenas de casais de cobaias idênticos (heterozigóticas para os dois caracteres), em numerosos acasalamentos , e obtivermos 16 mil crias. Costumamos sugerir a preferência pelo uso de resultados em percentuais (25% ou 50% , por exemplo) em vez de resultados em frações ordinárias (1/4 ou 1/2). Por quê? Porque é mais fácil em 100 descendentes saírem 25 , como se pode esperar em determinado caso, do que em 4 sair 1, embora 100 descendentes ainda constituam uma amostragem muito pequena e sujeita a grande margem de erro.
quinta-feira, 19 de abril de 2018
A Linha Internacional de Mudança de Data
Cerca de 900 km, em linha reta , separam São Paulo (SP) de Campo Grande (MS). Se em São Paulo são 8 horas , em Campo Grande são 7. Decido à diferença de fuso entre as duas cidades , se um avião fizer o percurso São Paulo -Campo Grande no tempo de uma hora , a hora local de chegada em Campo Grande curiosamente será a mesma da saída em São Paulo. Os países-arquipélagos Samoa e Tonga , situados na Oceania , também são separados por uma distância de aproximadamente 900 km, em linha reta. No entanto , se em Samoa é manhã de domingo , em Tonga é manhã de segunda-feira - há um dia de diferença. Como as distâncias são as mesmas em ambos os casos, num primeiro momento essas colocações causam surpresa. Antonio Pigafetta , responsável por registrar o diário de bordo da primeira viagem de circunavegação da Terra , capitaneada por Fernão de Magalhães , surpreendeu-se: chegou às ilhas Cabo Verde numa quinta-feira , 10 de julho de 1522, embora seu diário de bordo acusasse quarta-feira , 9 de julho de 1522. Como a circunavegação foi realizada no sentido contrário ao movimento de rotação da Terra , a expedição perdeu um dia no calendário. Observando o mapa acima é possível compreender a diferença de data que existe entre Samoa e Tonga . Como essas ilhas estão localizadas em lados opostos da LID , há entre elas a diferença de um dia. Desse modo, toda embarcação que cruza a LID no sentido leste-oeste perde um dia: sai, por exemplo, na tarde de sábado e entra na tarde de domingo . Já uma embarcação que a cruza no sentido oeste-leste ganha um dia , pois sai da manhã de domingo e volta para a manhã de sábado. Outra observação curiosa : se viajarmos para oeste e dermos uma volta completa ao redor da Terra , "perderemos um dia , pois estaremos caminhando contra o sentido do movimento de rotação- nesse caso, os dias são mais longos. Na situação oposta , se circundarmos a Terra no sentido leste, ganharemos um dia, pois estaremos viajando do mesmo sentido do movimento de rotação da Terra : de oeste para leste. A mudança de data já gerou fatos curiosos . Por exemplo: o imperador do Japão faleceu à 1h25min do dia 25 de dezembro de 1926, em seu país. Como o Brasil está situado a leste da linha internacional de mudança de data e o Japão , a oeste, o falecimento foi noticiado aqui na tarde de 24 de dezembro. Como consequência disso, a embaixada do Japão, no Rio de Janeiro , decretou luto pela morte do soberano de seu país, teoricamente , na véspera do seu falecimento.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Resolução de Problemas de Monoibridismo
Um problema de monoibridismo considera apenas uma característica. Em certos casos, é fornecido o genótipo dos pais em relação a determinada característica e pede-se o da geração seguinte; em outro , é fornecido o resultado de um cruzamento entre indivíduos dos quais só se conhece o fenótipo e pede-se o genótipo desses indivíduos ou o tipo de herança. Vamos examinar agora apenas os apenas os casos de herança autossômicas , isto é , influenciadas por genes que estão nos autossomos e não nos cromossomos). Nas heranças autossômicas , características aparece igualmente em homens e mulheres e ambos têm a mesma probabilidade de transmiti-la aos filhos de ambos os sexos. A) Em cobaias (porquinhos-da-índia), pelos curtos dominam pelos longos. Qual o resultado (genótipos e genótipos) do cruzamento entre um macho de pelo curto e heterozigoto e uma fêmea de pelo longo?
Resolução: O genótipo do macho de pelo curto e heterozigoto é LI e o da fêmea de pelo longo é II. Verificamos os tipos de gametas possíveis e associamos espermatozoides e óvulo. Assim, 50% dos filhos terão pelo curto (LI) e 50% terão pelo longo (II). Outra forma de determinar as fecundações possíveis consiste em usar o quadrado de Punnett, inventado pelo geneticista inglês R.C Punnett (1875-1967) , que facilita a visualização das fecundações. Nesse esquema , os gametas de um dos sexos ficam organizados em colunas e os do outro sexo, em linhas . Cada quadrado indica o resultado de uma fecundação possível.
B) Qual o resultado do cruzamento entre duas cobaias heterozigotas para o tipo de pelo (curto domina longo)? Resolução: O problema pode ser resolvido com o quadrado de Punnett. Portanto , serão 75% com pelo curto (50% LI e 25% LL) e 25% com pelo longo (II).
C) Um casal de pele pigmentada tem um filho albino. Qual o caráter dominante e qual o genótipo dos pais?
Resolução : Para solucionar esse tipo de problema , podemos estabelecer pelo seguinte método:
I-Traduzimos o enunciado do problema em um esquema , indicando com os símbolos Macho¤ e Fêmea¤ todos os indivíduos envolvidos e mencionando apenas o seu fenótipo.
II. Passamos à pesquisa do caráter dominante: quando um casal com fenótipos iguais tem pelo menos um filho com fenótipo diferente, o fenótipo do casal corresponde ao caráter dominante. Neste exemplo, como um casal de pele pigmentada tem um filho albino, o caráter dominante é pelo pigmentada. Estabelecemos que A é o alelo para pele pigmentada e a o alelo para albinismo.
III. Colocamos os genótipos nos símbolos , partindo do caráter recessivo , pois sabemos que o fenótipo recessivo é sempre puro. Começamos pelo filho recessivo , aa. Como cada um desses alelos vem de cada pai , podemos colocar um a no pai e outro a na mãe. Se o fenótipo dos pais é pele com pigmentação, eles têm de possuir , cada um um alelo A. Portanto, o caráter dominante é pele pigmentada e os pais têm genótipo Aa. No caso de dominância incompleta e codominância , o problema é mais simples, pois o heterozigoto será sempre diferente dos dois homozigotos.
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Aplicações da Engenharia Genética: Clonagem do DNA e Construção do DNA Recombinante
Para formar um DNA recombinante , usamos enzimas de restrição para cortar pontos específicos no DNA de um organismo e transplantar o pedaço cortado para outro organismo diferente. Esse organismo passa a fazer várias cópias idênticas do DNA estranho. As bactérias possuem , além do DNA principal, um pequeno DNA circular , chamado de plasmídeo, no qual estão , com frequência , genes que dão a elas resistência a antibióticos. No processo para formar um DNA recombinante , é comum utilizarmos o plasmídeo. Ele tem apenas uma cópia para cada tipo de sequência de reconhecimento da enzima de restrição, ele não se fragmenta, apenas abre o anel de DNA onde está a sequência de reconhecimento. Isso permite que, nesse local, se introduza um fragmento de DNA de outra espécie , mantendo a integridade do plasmídeo. Esse fragmento de DNA estranho, que pode ser de uma célula humana e responsável por determinada proteína , deve ser obtido com a mesma enzima de restrição, pois , assim , suas extremidades serão complementares às do plasmídeo cortado. Depois que recebe o fragmento de DNA humano, o plasmídeo torna-se um DNA recombinante , isto é , uma molécula formada pela união de duas ou mais moléculas de DNA não encontradas juntas na natureza , e é introduzido na bactéria , que passa a produzir , por exemplo, uma proteína humana. Quando a bactéria se reproduz , o DNA recombinante também se replica e passa para as novas bactérias. Esse processo de produção de cópias idênticas de DNA é chamado clonagem de DNA , Clonagem molecular ou clonagem gênica. O resultado é a formação de uma colônia de bactérias capazes de sintetizar substâncias úteis ao ser humano. Como é relativamente simples manter a bactéria se reproduzindo em laboratório , é possível produzir essas substâncias em escala comercial. Um exemplo é a produção de insulina , hormônio secretado pelo pâncreas que controla a utilização de glicose pela célula. Os indivíduos portadores de diabete tipo I não produzem esse hormônio e , por isso , apresentam deficiência na utilização da glicose , com sérias consequências para a saúde. Antes da engenharia genética , a insulina utilizada pelos diabéticos era de origem suína e bovina , mas uma desvantagem desse processo é o tempo para produção e purificação do hormônio, pois eram necessárias toneladas de pâncreas de porcos e bois para garantir a produção dessa substância para uso comercial. Além disso, como não é exatamente igual ao humano, ele pode provocar reação alérgica em alguns pacientes. Além da insulina , são produzidos hormônios, como o hormônio do crescimento , a eritropoetina (que estimula a produção de glóbulos vermelhos), diversos tipos de vacina , como a contra a hepatite B, o interferon, que combate infecções virais, e outros medicamentos e fatores coagulantes para pessoas portadoras de hemofilia , doença genética em que faltam fatores que atuam na coagulação do sangue. Esses fatores podem ser obtidos do plasma , mas , além de serem um recurso limitado, têm de passar por processos para eliminar possíveis vírus. Os fatores obtidos por engenharia genética estão livres da contaminação por vírus que podem estar presentes no plasma humano. Organismos nos quais se tenha introduzido DNA de outra espécie ou DNA modificado da mesma espécie são chamados organismos geneticamente modificados (OGM) ou transgênicos. As bactérias com o DNA recombinante são um exemplo de transgênicos. Hoje em dia, além de bactérias, há também muitos animais e plantas transgênicos. Em alguns casos, os vírus são usados como vetores , visto que penetram na célula hospedeira com facilidade. Há várias técnicas para se introduzir um gene em uma célula: ela pode ser infectada com vírus que levam o gene em questão; com micropipetas que perfuram a membrana e injetam o gene na célula; com uma espécie de "canhão" de genes que atira partículas microscópicas de ouro ou tungstênio com moléculas de DNA aderidas à superfície dessas partículas (técnica conhecida como biobalística); com auxílio da Agrobacterium Tumefaciens, bactéria que tem capacidade natural de transferir parte de seu material genético para o genoma de algumas plantas. Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, introduziram um gene de ervilha em células e eucalipto e criaram um eucalipto transgênico , para que a nova planta produza mais biomassa e , portanto, mais celulose.
sábado, 14 de abril de 2018
O Inferno Dos Africanos
Sobre os escravos africanos foram projetadas imagens bem mais negativas. A África era tida como o lugar do pecado , das trevas e da infidelidade. Ao contrário do que se pensava dos ameríndios , não haveria nenhuma vinculação dos negros da Guiné , como eram conhecidos , com o Paraíso Terrestre. As origens bíblicas destes estariam ligadas a duas maldições , ambas posteriores ao pecado original. Eles seriam descendentes de Caim, aquele que por inveja matou seu irmão Abel, e traziam na pele a cor negra , marca do sinal imposto por Deus, ou , então, membros da geração de Cam, filho de Noé , que desonrou seu pai e por isso foi condenado , juntamente com seus filhos , à escravidão. A retirada dos africanos de seu continente era , para as justificativas que se elaboraram sobretudo no século XVII, um milagre da Providência Divina. Pela travessia atlântica e pelo batismo , o escravo era trazido à fé e, assim , o que poderia ser entendido como injustiça era tido como uma graça. Com exceção de alguns religiosos e teólogos indignados com a comercialização de seres humanos , a maior parte dos clérigos de todas as ordens não só aceitava como estimulava e justificava a escravidão africana. Muitos deles participaram diretamente do apresamento e da venda de negros na costa africana , de onde estes eram enviados para vários pontos da América. A América seria o lugar da purgação dos pecados bíblicos atribuídos aos africanos. Mais uma vez , pelo trabalho e sofrimento , os impuros ficariam limpos e poderiam , depois de mortos , entrar no reino de Deus. Nas palavras de Vieira , em suas vidas na Colônia tinham "os escravos o seu Purgatório". As atividades açucareira também reforçavam a imagem de colônia-purgatório. O melaço da cana era purgado de suas riquezas nas casas de purgar ao mesmo tempo que os pecados atribuídos aos escravos eram eliminados com os terríveis ofícios da terra. No entanto, os castigos impostos aos escravos ultrapassavam em muito aqueles imaginados no Purgatório. O engenho assemelhava-se mais , na verdade , ao Inferno. Apesar de defender a escravidão dos africanos , tanto o clero católico como também o protestante procurou orientar e regulamentar o comportamento a ser seguido pelos senhores e por seus escravos. Salientavam a igualdade espiritual de todos os fiéis cristãos , mesmo que esta repousasse sobre uma profunda desigualdade social. Diante de Deus , diante dos padres nas missas , tanto os escravos quanto seus senhores deviam obediência , pois eram irmãos em Cristo. Além disso , os religiosos tentavam impedir os pecados carnais e as violências abusivas contra os cativos. Revestiam a escravidão com uma roupagem paternalista , como se o senhor fosse um tipo de pai severo que pune seus filhos mas garante-lhes uma boa formação cristã. Na lógica desse discurso, o escravo pertencia a uma família cristã, mesmo sendo um filho menos privilegiado. Se para os negros africanos a Colônia era um verdadeiro inferno, um outro grupo social , o dos mulatos , tinha uma sorte aparentemente diversa. A mistura das raças que , além do branco , índio e negro, produziu o mameluco , o mulato e o "cafuso" , esteve sempre associada às práticas sexuais duramente combatidas pelos membros da Igreja colonial. No entanto, os costumes dos índios , a escassez de mulheres brancas e, principalmente , o poder que os portugueses detinham sobre seus escravos , fossem eles índios ou africanos , fez com que a moral cristã não fosse obedecida à risca nos trópicos. Associados aos pecados presentes , diferenciados pela cor tanto do branco como do negro , os mulatos ficavam um pouco à margem da oposição básica senhor/escravo. Quando homens livres , por não serem brancos , eram discriminados pela herança africana . E carregavam a discriminação na denominação mulato: derivado de mula, animal resultante do cruzamento entre cavalo e jumenta, ou entre égua e jumento. Para os africanos , os mulatos livres , por não serem escravos , não pertenciam completamente à dureza de seu meio social. O espaço reservado ao mestiço e ao mulato livre em especial, era , portanto , o da marginalidade. Menos controlados pelas regras do engenho e das lavouras exportadoras , aos mulatos eram destinados serviços esporádicos ou a condição de agregados dos grandes senhores. Suas vidas eram marcadas por certa autonomia: caçavam índios no sertão, tocavam tropas de animais , capturavam e puniam escravos fugidos e rebeldes, procuravam minas e metais preciosos. Para muitos dos brancos , que também desfrutavam dos prazeres coloniais , os mulatos viviam na colônia o seu paraíso possível.
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