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domingo, 27 de maio de 2018

A Multipolaridade Econômica [Dados dos Anos 2000]


Enquanto a Guerra Fria seguia a sua trajetória , outros países desenvolviam-se tecnologicamente em diversos setores industriais , conquistavam fatias expressivas no mercado internacional e ganhos de produtividade superiores aos dos Estados Unidos. Os que tiveram maior crescimento , na segunda metade do século XX, foram justamente os dois grandes derrotados na Segunda Guerra Mundial: O Japão e a ex-Alemanha Ocidental. No início da década de 1950 , o valor da produção de mercadorias e de serviços dos Estados Unidos, incluindo as rendas geradas fora do seu próprio território , ou seja, o PNB (produto Nacional Bruto) , era superior ao do conjunto dos países da Europa Ocidental e Japão. A renda per capita norte-americana era pelo menos quinze vezes superior á japonesa e quatro vezes superior à alemã. Esse quadro mudou. A partir da década de 1970 , Alemanha e Japão atingiram taxas de crescimento superiores ás da economia dos Estados Unidos. A Alemanha , particularmente , acabou também sendo beneficiada pelo sucesso da integração ao Mercado Comum Europeu, atual  União européia. Em 1990 , com a reunificação , ela reafirmou-se como maior potência da União Europeia , por causa do fortalecimento das  relações com os países que formavam o bloco socialista no Leste europeu, por meio da expansão das empresas alemães e da ampliação dos intercâmbios comerciais e financeiros com aqueles países. No entanto, ao longos dos anos 1990 - um período de grande aceleração do processo de globalização e de desenvolvimento das tecnologias de informação, da informática , das telecomunicações, das atividades legadas às finanças e ao entretenimento -, os Estados Unidos tiveram um crescimento econômico expressivo (média de 3,2% ao ano) superior ao do Japão (média de 1,4% ao ano), que enfrentou anos de recessão e crises no sistema bancário , e ao da Alemanha (média de 1,9% ao ano), que sentiu o custo da absorção da porção oriental. Enfim , a globalização , um processo de aceleração do sistema capitalista sem precedentes na história, aumentou ainda mais o poderio econômico da chamada Tríade: o Japão , a União Européia (liderada pela Alemanha) e os Estados Unidos respondem por cerca de 70% do PIB mundial e por 80% dos investimentos diretos no exterior. No entanto, é preciso considerar , neste início de século XXI , a formação de mais uma potência na Ásia: a China. Esse país , que detém arsenal nuclear, é a quarta potência mundial em termos de comércio exterior (as primeiras são : Estados Unidos , japão e Alemanha, nesta ordem) e a sexta maior economia do mundo. A China tem o maior contingente populacional do globo - cerca de 1,3 bilhões de habitantes-, que constitui um mercado em expansão , e uma economia que cresce mais de 7% ao ano (10 % ao ano , em média , no período 1990-2000). A Rússia , por sua vez,  integra o G-8² , apesar  de enfrentar uma etapa difícil de transição da economia centralmente planejada para uma  economia de mercado , às voltas com crises econômico-financeiras, aumento da pobreza e da corrupção , concentração de renda e guerras separatistas. Mas é a segunda potência nuclear no planeta e, em seu imenso território , dispõe de grandes reservas minerais inclusive petróleo. Além disso, mantém relações de cooperação com o Irã -  país importante no  contexto geopolítico do Oriente Médio - para a construção  de reatores  nucleares, acordos militares com a  Índia e , desde julho de 2001 (quando assinou com os chineses um acordo de amizade), busca estreitar  relações políticas com  a China.


sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Brasil No Mundo Globalizado


Há um texto que introduz o nosso capítulo que vem de 1986 e já indicava as transformações tecnológicas que se manifestavam na sociedade brasileira. Mas foi a partir de 1990 que a globalização teve maior impacto no Brasil. A economia brasileira enfrentava uma série de problemas : endividamento em relação  aos países desenvolvidos ; déficit público elevado ; escassez de financiamento para a atividade produtiva com índices assustadores no final da década de 80 os preços subiam diariamente e a inflação chegou a 80% ao mês.  Foi no início da década de 1990 que o Brasil passou a adotar as receitas neoliberais , abrindo seu mercado interno , reduzindo barreiras protecionistas , criando maiores facilidades para a entrada de mercadorias e de investimentos externos, como aplicações financeiras , compra de empresas nacionais ou participação acionária. A ideia era contar com o capital estrangeiro para retomar o crescimento econômico. Alegava-se que  a proteção ás empresas nacionais tronava-as ineficientes e que a concorrência era saudável para estimular o desenvolvimento e recuperar o atraso de alguns setores. Dessa forma , esperava-se que a economia brasileira passasse a ser mais competitiva , interna e externamente , sem precisar de subsídios e protecionismo. A origem do processo e formação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às grandes navegações empreendidas pelos Estados-nações recém -formados na Europa , a partir do século XV. Nessa época, esses Estados expandiram o comércio , explorando os produtos e recursos da América , da África e Ásia e passaram a exercer forte domínio sobre os povos desses continentes , controlando a extração e a produção neles realizadas. As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não possuíam autonomia administrativa , e seus recursos e riquezas eram explorados intensamente , em benefício de alguns países , como Portugal , Espanha , Holanda , França e Inglaterra (as metrópoles) . A exploração dos recursos das colônias , como metais preciosos , império e produtos agrícolas , proporcionou de fato um grande enriquecimento .as metrópoles. Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo . São os casos da Austrália , Nova Zelândia, Canadá e dos EUA.


quarta-feira, 23 de maio de 2018

Por Uma Outra Globalização


Diversos movimentos surgiram em todo o mundo frente às consequências negativas com que a globalização atingiu as várias sociedades, inclusive as de países ricos. Eles partem do princípio de que as multinacionais conquistaram tanto poder que estão dando forma ao mundo segundo os seus interesse econômicos . O governos dos países  desenvolvidos , quando defendem os seus interesses econômicos , estão defendendo , principalmente , espaço para a expansão destes grandes conglomerados multinacionais. Por outro lado , os países mais pobres disputam os seus investimentos atraindo a instalação destes menos conglomerados abrindo os  seus mercados. Esses movimentos se tornaram mais visíveis quando, no final do século XX, a OMC organizou em Seattle (EUA) a "Rodada do Milênio" para discutir as perspectivas do comércio internacional para o século XXI , com representantes do governo de 130 países. Diversas organizações da sociedade civil como ONGs (Organizações Não-Governamentais), sindicatos , ambientalistas , estudantes promoveram uma grande manifestação contra o evento, e o protesto foi reprimido pela polícia. De lá para cá, qualquer encontro da OMC ou dos países ricos virou ponto de encontro dos movimentos contra os rumos que têm trilhado o processo de globalização. Esses movimentos têm propostas e preocupações muito diferentes e até divergentes . Agrupam ambientalistas que estão preocupados com os grandes problemas ambientais mundiais, reformistas que lutam por uma globalização mais humana , sindicalistas que estão preocupados com os direitos dos trabalhadores , nacionalistas que querem maior defesa do mercado nacional, minorias negras, indígenas que lutam contra a discriminação , o MST que luta pela reforma agrária, enfim , uma lista interminável de grupos. Ainda não existe de fato um movimento homogêneo , mas uma série de movimentos que se unem em torno de um lema comum. Não existe uma única visão d emundo nem um grupo hegemônico entre eles. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre , que ocorreu pela primeira vez em 2001, marcou a presença do Brasil na luta por uma globalização mais justa. Deu o primeiro passo para a discussão de propostas voltadas para a melhoria da qualidade de vida da sociedade globalizada e para a elaboração de estratégia comuns que agrupem os diversos movimentos para contrabalançar com a globalização do capital, preocupada prioritariamente com a obtenção de lucro.


segunda-feira, 21 de maio de 2018

O Estado Na Economia Globalizada



As atribuições do Estado inicialmente baseavam-se na defesa do território , no bem-estar das pessoas , na garantia da propriedade e no relacionamento político e  comercial com outros Estados. Ao longo da história, essas atribuições foram aumentando. Com algumas variações de país para país , o Estado foi agregando uma série de outras funções , por exemplo:

1ª- Participação acionária em empresas dos mais variados setores;

2ª- Investimento em educação , saúde , moradia e pesquisa;

3ª- Pagamento de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;

4ª- Controle da circulação da moeda;

5ª- Realização de empréstimos a juros baixos e isenção de impostos para determinados grupo sociais (subsídios);

6ª- Estabelecimento de taxa de juros , que serve de base para as atividades financeiras , inclusive bancárias;

7ª- Construção e manutenção de equipamentos de infra-estrutura (rodovias , ferrovia , viadutos , portos , aeroportos , usinas e redes de distribuição de energia elétrica etc.). 

Na década de 1980  abriu-se uma nova discussão sobre o papel do Estado , por causa das cries econômico financeiras em países subdesenvolvidos e dos elevados déficits públicos de muito países. Para os teóricos das organizações financeiras internacionais (banco Mundial e FMI) e para o governo dos EUA, a crise e a nova economia globalizada exigiam um Estado que não interferisse no livre comércio , que facilitasse a atuação das grandes empresas , que cobrasse menos impostos e reduzisse seus gastos , inclusive nos setores sociais (saúde , educação , moradia , previdência ). Essas ideias e proposta foram chamadas de neoliberais. O Estado , na concepção neoliberal , deve intervir pouco na economia , procurando eliminar as barreiras com comércio internacional , atrair investimento estrangeiros e privatizar as empresas públicas. Para os neoliberais, não é o papel do Estado extrair petróleo ou minério , administrar refinarias , siderúrgicas ou participar de qualquer outro tipo de atividade econômica. Cabe ao Estado  estimular a pesquisa tecnológica para apoiar a iniciativa privada, assegurar a estabilidade econômica e facilitar o livre funcionamento do mercado. A produção de mercadorias é papel das empresas particulares. Os gastos do governo , inclusive os sociais (saúde; educação ; previdência social, por exemplo, pagamento de aposentadorias e pensões) devem ser restringidos , a fim de gerar receitas para o pagamento dos juros da dívida pública e para não acarretar déficits nas contas do governo. Além disso , a eliminação ou a modificação de alguns direito trabalhistas devem ocorrer para estimular novas contratações , uma vez que , segundo os neoliberais , os gastos das empresas com mão-de-obra acabam repassados ao preço dos produtos , que perdem competitividade no mercado internacional. Da mesma forma , os gastos do Estado em setores que amparam a sociedade (por exemplo, saúde e educação), não devem ser muito alto para que não acarretem também impostos elevados sobre as empresas e sobre a sociedade como um todo. A adoção das práticas neoliberais fez com que vários Estados enfraquecessem os mecanismos de controle da economia e das fronteiras comerciais, tornando os países subdesenvolvidos vulneráveis à atuação das grandes corporações multinacionais , originárias , em sua maioria , nos países desenvolvidos. Com isso , ampliaram-se as desigualdades (sociais e econômicas) entre os países , visto que o neoliberalismo e a livre concorrência atendem melhor os que tem maior capacidade de investimento, tecnologia mais avançada e maior capacidade de atuação no mercado mundial, como é o caso dos países desenvolvidos. 


sábado, 19 de maio de 2018

Interação Gênica - Resumo


Na interação gênica, os genes de um par agem de forma combinadamente com genes de outro par (ou outros pares) , a fim de condicionar um determinado fenótipo. Este fenômeno é também conhecido como polimeria. Na polimeria de genes complementares , o fenótipo depende da "combinação" que se forma entre os genes dominantes e recessivos dos pares que interagem. É o caso das galinhas , por exemplo. Na interação com epistasia , um gene de determinado par pode inibir a ação de genes de outro par não alelo. O gene inibidor é chamado epistático.  O gene inibido é chamado hipostático . Isso ocorre , por exemplo, com a transmissão da cor da plumagem em galinhas Leghorn. A herança quantitativa é um caso de polimeria de genes cumulativos. Aqui , cada gene atuante dá a sua "contribuição" para acentuar a expressividade do caráter em foco. É o que ocorre com a herança da cor da pele humana. Não importa quais são os genes atuantes no genótipo, mas sim quantos gene atuantes estão no genótipo. Os Genes têm , portanto, valor quantitativo e não qualitativo.


quinta-feira, 17 de maio de 2018

A Jornada de Trabalho No Capitalismo no Século XIX


"Que é uma jornada de trabalho?" De quanto é o tempo durante o qual o capital pode consumir a força de trabalho, cujo valor diário ele paga? Por quanto tempo pode ser prolongada a jornada de trabalho além do tempo de trabalho necessário à reprodução dessa mesma força de trabalho? A essas perguntas , viu-se que o capital responde: a jornada de trabalho compreende diariamente as 24 horas completas, depois de descontar as poucas horas de descanso, sem as quais a força de trabalho fica totalmente impossibilitada de realizar novamente sua tarefa. Entende-se por si, desde logo, que o trabalhador , durante toda a sua existência , nada mais é que força de trabalho e que , por isso, todo o seu tempo disponível é por natureza e por direito tempo de trabalho , portanto,  pertencente à autovalorização do capital. Tempo para a educação humana , para o desenvolvimento intelectual, para o preenchimento de funções sociais , para o convívio social , para o jogo livre das forças vitais físicas e espirituais , mesmo o tempo livre de domingo- e mesmo no país do sábado santificado- pura futilidade! [...] Em vez da conservação normal da força de  trabalho determinar aqui o limite da jornada de trabalho é , ao contrário, o maior dispêndio possível diário da força de trabalho que determina, por mais penoso e doentiamente violento, o limite do tempo de descanso do trabalhador. O capital não se importa com a duração de vida da força de trabalho.  O que interessa a ele, pura e simplesmente , é um maximum de força de trabalho que em uma jornada de trabalho poderá ser feito fluir.  [...] A produção capitalista , que é essencialmente produção de mais-valia , absorção de mais-trabalho, produz , portanto, com o prolongamento da jornada de trabalho não apenas a atrofia da força de trabalho, a qual é roubada de suas condições normais , morais e físicas, de desenvolvimento e atividade. Ela produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de produção do trabalhador num prazo determinado mediante o encurtamento  de seu tempo de vida.

-Marx, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. V.1.p. 211-2.


terça-feira, 15 de maio de 2018

Max Weber , o Indivíduo e a Ação Social


 O alemão Max Weber (1864-1920) , diferentemente de Durkheim , tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações . Por que as pessoas tomam determinadas decisões? Quais são as razões para seus aos? Segundo esse autor , a sociedade existe concretamente , mas não é algo externo e acima das pessoas , e sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim, Weber , partindo do indivíduo e de suas motivações, pretende compreender a sociedade como um todo. O conceito básico para Weber é o de ação social , entendida como o ato de se comunicar , de se relacionar , tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. "Outros" , no caso, pode significar tanto um indivíduo apenas como vários, indeterminados e até desconhecidos . Como o próprio Weber exemplifica , o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros tantos , conhecidos  ou não, estejam dispostos a também aceitá-lo como elemento de troca.  Seguindo esse raciocínio, Weber declara que a ação social não é idêntica a uma ação homogênea de muitos indivíduos. Ele dá um exemplo: quando estão caminhando na rua e começa a chover , muitas pessoas abrem seus guarda-chuvas ao mesmo tempo. A ação de cada indivíduo não está orientada pela dos demais , mas sim pela necessidade de proteger-se da chuva. Weber também diz que a ação social não é idêntica a uma ação influenciada , que ocorre muito frequentemente nos chamados fenômenos de massa. Quando há uma grande aglomeração, quando se reúnem muitos indivíduos por alguma razão, estes agem influenciados por comportamentos grupais, isto é , fazem determinadas coisas porque todos estão fazendo. Max Weber , ao analisar o modo como os indivíduos agem e levando em conta a maneira como eles orientam suas ações , agrupou as ações individuais em quatro grandes tipos , a saber : a ação tradicional , ação afetiva , ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins. A ação tradicional tem por base um costume arraigado , a tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota quase automaticamente , reagindo a estímulos habituais. Expressões como "Eu sempre fiz assim " ou "Lá em casa sempre se faz deste jeito" exemplificam tais ações. A ação afetiva tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O sentido da ação está nela mesma. Age efetivamente quem satisfaz suas necessidades , seus desejos , sejam eles de alegria, de gozo , de vingança , não importa. O que importa é dar vazão às paixões momentâneas. Age assim aquele indivíduo que diz: "Tudo pelo prazer" ou "O principal é viver o momento". A ação racional com relação a valores fundamenta-se em convicções , tais como o dever , a dignidade , a beleza , a sabedoria, a piedade ou a transcendência de uma causa, qualquer que seja gênero , sem levar em conta as consequências previsíveis. O indivíduo age baseado naquelas convicções e crê que tem certo "mandado" para fazer aquilo. Se as consequências forem boas ou ruins , prejudiciais ou não, isso não importa , pois ele age de acordo com aquilo em que acredita. Age dessa forma o individuo que diz : "Eu acredito que a minha missão aqui na Terra é fazer isso" ou "O fundamental é que nossa causa seja vitoriosa".  A ação racional com relação a fins fundamenta-se numa avaliação da relação entre meios e fins. Nesse tipo de ação, o indivíduo pensa antes de agir em uma dada situação. Age dessa forma o indivíduo que programa , pesa e mede as consequências , e afirma : " Se eu fizer isso ou aquilo, pode acontecer tal ou qual coisa; então, vamos ver qual é a melhor alternativa" ou "creio que seja melhor conseguir tais elementos para podermos atingir aquele alvo , pois , do contrário, não conseguiremos nada e só gastaremos energia e recursos". Para Weber , esses tipos de ação social não existem em estado puro , pois os indivíduos , quando agem no cotidiano , mesclam alguns ou vários tipos de ação social. São "tipos ideais" , construções teóricas utilizadas pelo sociólogo para analisar a realidade. Como se pode perceber , para Weber , ao contrário do que defende Durkheim , as normas , os costumes e as regras sociais não são algo externo ao indivíduo , mas estão internalizados , e , com base no que traz dentro de si, o indivíduo escolhe condutas e comportamentos , dependendo das situações que se lhe apresentam. Assim, as relações sociais consistem na probabilidade de que se aja socialmente com determinado sentido, sempre numa perspectiva de reciprocidade por parte dos outros.


domingo, 13 de maio de 2018

Saint-simon e a Nova Ciência Dos Fenômenos Sociais


Claude-Henri de Rouvroy- Conde de Saint-Simon - , apesar de pertencer à nobreza , avaliava que o Antigo Regime estava corrompido e não podia durar muito mais. Durante a Revolução Francesa, renunciou ao título de conde e adotou o nome plebeu Claude Henri Bonhomme. Saint-Simon via a história como um sucessão de épocas críticas (momentos de crise) e épocas orgânicas (assentadas em crenças e valores bem estabelecidos). Defendia a ideia de que o apogeu de um sistema coincidia com o início de sua decadência e apontava três épocas orgânicas na história ocidental: a Antiguidade greco-romana, seguida pela época crítica das invasões bárbaras; a Idade Média , seguida pela época crítica do Renascimento até a Revolução Francesa , e a era industrial , que já se podia vislumbrar. Saint-Simon detectava a existência de duas grandes classes em sua época e na sociedade francesa em particular : a dos ociosos (a a realeza , a aristocracia e o clero, os militares e a burocracia que administrava a estrutura dos que nada produziam) e a dos produtores ou industriais (cientistas , engenheiros , médicos, banqueiros, comerciantes , industriais , artesãos , lavradores , trabalhadores braçais , enfim , todos os cidadãos úteis para o desenvolvimento da França). Para que a sociedade pós-revolucionária na França se firmasse seria necessário que a ciência tomasse o lugar da autoridade da Igreja , formando-se assim uma nova elite , agora científica. A ciência deveria substituir a religião como força de coesão. Os cientistas substituiriam os clérigos e os industriais , senhores feudais . A aliança dos cientistas com os industriais conformaria a nova classe dirigente. Mas deveriam estar na direção apenas os mais capazes em cada campo.  E seriam chamados por saber mais da sociedade: os cientistas porque a estudavam e os industriais porque , pela prática , sabiam o que funcionava melhor. Desde 1803 Saint-Simon escreveu uma série de livros em que professava sua confiança no futuro da ciência e buscava uma lei que guiasse a investigação dos fenômenos sociais, tal como a lei gravitacional de Newton em relação aos fenômenos naturais. A nova ciência teria como principal tarefa descobrir as leis do desenvolvimento social , pois elas poderiam indicar para a sociedade o caminho do progresso continuado. Entre seus escritos, destaca-se : Reorganização da Sociedade Europeia (com Augustin Thierry, 1814) , A Indústria ou Discussões Políticas , Morais e Filosóficas no interesse de todos os homens livres e trabalhadores úteis e independentes (1816-1817), O Organizador (1819), O Sistema Industrial (1821-1823), O Catecismo dos Industriais (1822-1824) e Novo Cristianismo (1824).  

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Desenrolar da Guerra


Ocorre que , na época , os Estados componentes do Sacro Império ainda guardavam fortes heranças feudais. Nesse período, nenhum príncipe , nem eleitores , nem o imperador possuíam exércitos permanentes e disciplinados. Os combatentes utilizavam-se tropas mercenárias recrutadas por autênticos empresários de guerra , que alugavam seus serviços a quem pagasse melhor  . Esses exércitos eram formados por pessoas da pior espécie , muitas vezes criminosos. Os mercenários arrasavam as regiões onde acampavam e combatiam. No início , as operações eram mais favoráveis ao imperador e ao partido católico. Os austríacos contavam com dois notáveis chefes militares ao seu lado, Tilly e Waldstein , que foi o mais brilhante general da primeira fase da guerra. Contando com o apoio dos Habsburgos , da Espanha , cujo exército era, ainda , um dos melhores da Europa , o imperador Frederico II (que sucedera Matias I) conseguiu submeter os tchecos , reconquistando a Boêmia. Os protestantes ficaram, assim , em minoria no Colégio Eleitoral , contando com apenas dois representantes em sete. O rei da Dinamarca , protestante , temendo a expansão austríaca , resolveu interferir no conflito , mas suas tropas sofreram um revés (1629). Em 1631, a cidade de Magdeburgo é saqueada pelos católicos , o que provocaria a entrada de Gustavo Adolfo , da Suécia , na guerra. Contando com moderno e eficiente exército e dotado de notável talento militar , o rei sueco mudou o curso dos acontecimentos. Os católicos foram derrotados em várias oportunidades e perderam a vontade de agir . Em 1634 , morreu em combate o rei Gustavo Adolfo , fazendo com que estancasse o ímpeto da ofensiva germânica , mas mesmo assim não acabou a guerra. A França , apesar de católica , procurava influir secretamente para a derrotar do império austríaco. Entrou na guerra em 1635 . A intervenção foi de início infeliz , pois os espanhóis conseguiram penetrar em território francês através dos Pireneus e dos Países Baixos , chegando a ameaçar Paris. A França conseguiu se recuperar graças à ação de Condé e Turenne. A Germânia, cansada , desgastada de tantas lutas , começou negociações em 1644. Em 1648 foi celebrada a Paz de Westfália. A guerra entre franceses e espanhóis continuou , porém , até 1659.


quarta-feira, 9 de maio de 2018

As Potências No Pós-Guerra



A Segunda Guerra deixou um mundo a ser reconstruído , cidades arrasadas, povos enfraquecidos. Uma grande tarefa foi empreendida : reurbanização , reorganização da vida social , pública e política , fixação de valores culturais para o novo período. As potências vencedoras da guerra apresentavam um quadro contrastante: -A Rússia , tida como a maior responsável pela vitória (perdeu 20 milhões de pessoas no conflito), estava à beira da ruína financeira. A miséria assolava o país e todos os setores necessitavam de urgentes reformas. -Os Estados Unidos da América , responsáveis pelo armamento moderno (nuclear) , que apressou o fim da guerra , tiveram poucas baixas e a felicidade de não ter seu território invadido. Por esse país ter entrado tardiamente na Segunda Guerra Mundial, sobrou-lhe capital. Era o único país em boas condições financeiras e que apresentava uma economia interna em expansão. Os dois países , Rússia e Estados Unidos , se uniram , embora diferissem em organização política e social . A Rússia , socialista , pregava o anti-imperialismo e a autonomia dos povos a partir das propostas das massas proletárias. Os Estados Unidos , com seu modelo capitalista , pregavam oportunidades iguais e ascensão segundo o mérito individual. Cada um dos países tinha seus interesses a defender: -A Rússia queria sair do isolamento em que a Revolução Socialista de 1917 a havia colocado ; portanto , sua luta era para conseguir nações que compartilhassem sua ideologia política e social. -Os Estados Unidos queriam assegurar o pleno desenvolvimento capitalista, com expansão de mercados consumidores. Na Conferência de Yalta , que reuniu os três maiores estadistas da época - Roosevelt, Stalin e Churchill - , decidiu-se a indenização devida pelos países perdedores. Stalin tratou de assegurar o domínio da Europa Oriental, conseguido pelos militares russos durante a guerra e que , por esse motivo , não poderia ser contestado. Dessa forma , a Rússia garantiu seu apoio ao sistema político. A Europa Ocidental foi dividida entre as outras potências. A Alemanha ficou ficou dividida em quatro zonas de influência : francesa , americana , russa e inglesa. Posteriormente , a influência foi limitada à hegemonia norte-americana e russa . A supremacia russa na Europa Ocidental provocou desconfiança nos países capitalistas. Essa situação se acentuou quando a Tchecoslovaquia quis libertar-se do modelo soviético e teve sua rebelião prontamente sufocada pelos russos.


segunda-feira, 7 de maio de 2018

Mudança e Transformação Social



Não existem sociedades sem mudanças. Às vezes não percebemos as alterações , mas elas acontecem a todo momento, em toda parte. Há transformações maiores que atingem toda a humanidade e, menores , que aconteceu no cotidiano das pessoas . Normalmente elas estão interligadas. Duas grandes transformações vividas pela humanidade, mais tarde conhecidas como Revolução Agrícola e Revolução Industrial , não foram percebidas de imediato pelas pessoas , pois aconteceram lentamente. Hoje , há mudanças provocadas pela engenharia genética , pela nanotecnologia , pela robótica , pelos sistemas de comunicação ou pela busca de alternativas energéticas, mas não conseguimos enxergar todos os seus efeitos em nossa vida.  Existem, porém , transformações mais evidentes , como as relacionadas às revoluções políticas e sociais dos século XVIII e XIX , na Europa. Essas transformações suscitaram a reflexão de vários pensadores e o próprio desenvolvimento da Sociologia. Outras revoluções aconteceram no século XX, como a mexicana , a russa , a chinesa e a cubana , e repercutiram em todo o mundo. A Sociologia nasceu da crise provocada pela desagregação do sistema feudal e pelo surgimento do capitalismo. As transformações decorrentes desse processo abalaram todos os setores da sociedade europeia e depois atingiram a maior parte do mundo. Muitos autores se esforçaram para entender o que estava ocorrendo.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Revolução Socialista em Cuba



Quase 10 anos depois da revolução comunista na China , os cubanos viram Fidel Castro subir ao poder pela força da Revolução Cubana. Em janeiro de 1959 começava uma nova era em Cuba , uma das ilhas do Caribe , na América Central. O processo que levou Fidel Castro e seus companheiros ao poder em Cuba, em 1¤ de janeiro de 1959, iniciou-se anos antes, em 1953 , com a tentativa de tomada do quartel de Moncada , por um grupo de estudantes e recém-formados que lutavam contra a ditadura de Fulgencio Batista, que estava no poder havia aproximadamente 20 anos. Fidel Castro foi condenado e preso, mas conseguiu fugir e foi para o México, onde se reuniu com antigos companheiros de luta e conheceu o argentino Ernesto "Che" Guevara, que aderiu ao movimento dos cubanos para derrubar a ditadura de Batista. Esse grupo chegou a Cuba em dezembro de 1956 em um barco, mas a maioria dos 83 homens morreu nos combates iniciais , sobrando apenas 12 guerrilheiros para continuar a luta. Mas já existiam outras pessoas lutando pela revolução nas cidades e também no campo. O grande mérito desse pequeno grupo foi agregar todos na mesma luta e, após três anos, entrar vitorioso em Havana. A derrocada da ditadura não foi influenciada pelos comunistas que viviam em Cuba , pois eles eram contrários à ação de Fidel Castro e seus companheiros , e somente aderiram à revolta quando perceberam que ela era vitoriosa. Tomou o poder , então, Fidel Castro , com a proposta de fazer um governo com apoio popular. Pouco a pouco , por causa das ações do novo governo - como, por exemplo, a reforma agrária prevendo a indenização dos antigos proprietários - , os Estados Unidos viram o novo poder em Cuba com desconfiança e começaram a impor dificuldades ao comércio da ilha. Isso propiciou a aproximação entre Cuba e URSS. Nessa nova relação comercial, Cuba vendia açúcar para a União Soviética , que lhe fornecia petróleo. As refinarias de petróleo existentes em Cuba , de propriedade estadunidense , se recusavam a processar o produto. O novo governo então as expropriou , o que significou o fim das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. A situação entre os dois países , que já estava ruim , piorou quando o governo de John Kennedy, por intermédio da Agência Central de Inteligência (CIA- sigla em inglês), em abril de 1961 , apoiou a invasão da ilha por um grupo de exilados cubanos, que pretendiam começar uma levante contra o novo governo. Foram derrotados pelo Exército e pela reação popular no local aonde chegaram : a Baía dos Porccos . Logo após, Fidel Castro declarou que Cuba era a mais nova república socialista no mundo. Então, os partidos que o apoiavam foram reunidos no Partido Comunista Cubano, que passou a ser único e tinha o apoio declarado da URSS. Graças a esse apoio incondicional da URSS , foi possível melhorar significativamente as condições de vida da população da ilha , pois o principal produto de exportação cubana era o açúcar , que era comprado em condições bem favoráveis pelo bloco soviético, e também porque a ilha recebia em condições bem favoráveis pelo bloco soviético , e também porque a ilha recebia petróleo por preço mais baixo do que o praticado no mercado mundial. Entretanto, o bloqueio comercial dos Estados Unidos e seus aliados contra Cuba prejudicou as relações da ilha com o resto do mundo. Enquanto obteve as condições excepcionais de apoio da URSS, Cuba pôde desenvolver um sistema educacional e de saúde igual aos dos melhores países do mundo, além de proporcionar à população uma qualidade de vida invejável. Entretanto, com o fim da URSS , em 1991, as condições de vida em Cuba se tornaram precárias , principalmente em relação aos bens de consumo e de moradia. Na primeira década do século XXI, o sistema político permanecia centralizado no Partido Comunista Cubano e na figura emblemática de Fidel Castro , substituído no poder por seu irmão Raul Castro , que assumiu a presidência em fevereiro de 2008 . Apesar dos méritos em transformar radicalmente a situação da população em Cuba , faltava na ilha a liberdade de expressão e a possibilidade de haver outras formas de organização política que não fosse o partido único. O caso cubano é diferente dos anteriores , pois Cuba é um país pequeno, uma ilha na qual ainda há uma base militar dos Estados Unidos, com pouquíssimos recursos naturais , que ainda sofre um bloqueio por parte dos Estados Unidos e de muitos países europeus. Mesmo assim, continua sua marcha para manter uma sociedade socialista.



terça-feira, 1 de maio de 2018

Sintese de Proteínas


As características morfológicas e fisiológicas de um ser vivo dependem dos tipos de proteína sintetizados por seu organismo. A síntese dessas proteínas , por sua vez, depende da atuação do DNA das células em interação com os ácidos ribonucleicos (RNA) , o aparato enzimático e determinadas estruturas celulares. Ao contrário do DNA, cuja molécula é formada de um filamento duplo , a molécula de RNA tem apenas um filamento de nucleotídeos (alguns vírus , porém , têm RNA com filamento duplo), que possuem ribose, no lugar da desoxirribose , e a base nitrogenada uracila, em vez de timina . Além disso, há moléculas de RNA que, embora não determinem a estrutura de proteínas , possuem importantes funções no metabolismo celular. Um trecho de um filamentos do DNA , com o auxílio de enzimas, fabrica uma molécula de RNA chamada RNA mensageiro (RNAm). Nessa síntese chamada transcrição, os encaixes obrigatórios entre as bases são novamente respeitados. Desse modo , um trecho do DNA serve como molde para orientar a síntese de um RNA específico . Esse RNA , por sua vez, vai atuar no citoplasma , na síntese de uma proteína específica. Durante a síntese de proteínas (tradução), intervém outro tipo de RNA , de molécula menor, o RNA transportador (RNAt), cuja função é levar os aminoácidos até o RNAm. Cada tipo de RNAt carrega apenas um tipo de aminoácido. Os aminoácidos são colocados em posições definidas , de acordo com o encaixe específico entre três bases do RNAt ( o anticódon) e três do RNAm (o códon). Assim , a sequência de bases do RNAm determina a sequência de aminoácidos , o que vai caracterizar o tipo de polipeptídeo ou de proteína formado (uma proteína pode ser formada por dois ou mais polipeptídeos). De forma simplificada, podemos dizer, então, que a sequência de bases de um segmento de bases do RNAm. Essa sequência define o tipo de polipeptídeo ou de proteína formado. Por sua vez , as proteínas , mais a influência dos fatores ambientais, são responsáveis por determinados efeitos estruturais ou funcionais do organismo, isto é , por suas características (fenótipo). Como vimos no primeiro volume desta parte , um segmento de DNA pode originar mais de uma proteína ou de uma cadeia polipeptídica, pela remoção de certos trechos do RNAm (íntrons) e pela união de trechos codificantes (éxons) de diferentes maneiras , antes de sua participação na síntese de uma proteína. Além disso, boa parte de nosso DNA não codifica proteína , estando envolvida , por exemplo. Na regulação da atividade dos genes. Ocasionalmente ocorrem alterações no material genético , chamadas mutações, que podem ser causadas por radiações , substâncias químicas ou erros no emparelhamento das bases não corrigidos pelas enzimas que agem na duplicação do DNA. As mutações modificam a sequência de bases nitrogenadas , o que pode alterar as proteínas fabricadas e , consequentemente, as características do organismo. O gene modificado poderá alterar alguma função da célula e até provocar uma doença. A mutação pode afetar também genes que controlam a divisão e causar certos tipos de câncer , como o de mama, o retinoblastoma (câncer na retina), algumas formas de leucemia, etc.


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