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terça-feira, 18 de abril de 2017

Nacional Desenvolvimentismo


Pelo Plano de Metas , o governo apontava as áreas prioritárias para o investimento estatal : energia , transporte, alimentação , indústria de base e educação. Dando início à política econômica do governo Vergas, procurava estimular a industrialização mediante associação com o capital estrangeiro. A política econômica de JK, denominada nacional-desenvolvimentismo, era semelhante à bossa nova. Esse novo ritmo musical , surgido na década de 1950 no Brasil , combinava a música nacional e o jazz norte-americano. A política nacional-desenvolvimentista representava uma variação melódica dentro do modelo de substituição de importações, visando superar um de seus aspectos mais problemáticos: a obtenção de investimentos estrangeiros no país. Nesse período , diversas empresas multinacionais instalaram-se no Brasil : indústrias automobilísticas , farmacêuticas , petroquímicas e eletroeletrônicas. A economia diversificou-se e a produção industrial atingiu o extraordinário índice de 80% de crescimento entre 1956 e 1961. Era , na verdade , um desenvolvimentismo associado. Além do capital externo , JK utilizou largamente a expansão da base monetária para financiar déficits do orçamento , bancar aumentos salariais e estimular as atividades produtivas. Como resultado , o governo deixou para seus sucessores uma pesada taxa inflacionária de cerca de 30% em 1961 e a elevada dívida externa de U$$ 3,1 bilhões. Em 1959 , diante das pressões para que fossem adotadas medidas de contenção JK rompia as negociações da dívida externa com o Fundo Monetário Internacional (FMI) Como a bossa nova , o governo era elitista . Favoreceu os setores empresariais ligados direta e indiretamente ao capital transnacional. Estimulou também o consumo de bens duráveis na classe média , simbolizado na capacidade de aquisição de um automóvel , de preferência de Volkswagem , e a ampliação numérica desse grupo social, empregado nas diversas funções de gerência e direção das novas indústrias instaladas.
No  entanto a divisão da renda nacional aprofundou a desigualdade social. Os mais ricos haviam ampliado seus rendimentos . Os mais pobres participavam de uma parcela menor da riqueza nacional. É certo que a classe média ampliou sua participação na riqueza nacional. Mas, em 1960 , 1% da população detinha quase 30% da renda nacional , enquanto os 50% mais pobres possuíam apenas 15%. Numa época de verdadeira euforia econômica , com enorme crescimento da economia nacional, as disparidades regionais passavam facilmente despercebidas . Com a crise projetada para o próximo governo, tais desigualdades emergiriam com todo o seu radicalismo e exigiriam reformas estruturais na sociedade brasileira. A previsão era de novas tempestades no oceano político populista.
                                     

domingo, 16 de abril de 2017

Fluxo de Energia e Ciclo Da Matéria no Ecossistema


Da energia luminosa que chega a um ecossistema, pouco mais de 1% na fotossíntese , mas é o suficiente para gerr de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de matéria orgânica por ano. Boa parte desses compostos orgânicos é consumida na respiração da própria planta e eliminada como gás carbônico e água. Desse modo , a planta obtém energia para seu metabolismo . Parte desse energia sai da planta na forma de calor e o restante da matéria orgânica passa a fazer parte do corpo do organismo . A matéria orgânica e a energia que ficaram retidas nos autotróficos compõem o alimento disponível para os consumidores. Uma parte das substâncias ingeridas por um animal é eliminada nas fezes e na urina. Outra parte é oxidada pela respiração para a produção da energia necessária ao movimento  e às outras atividades do organismo. Esses processos se repetem em todos os níveis da cadeia alimentar. Parte da matéria e da energia do alimento não passa para o nível trófico seguinte e sai da cadeia na forma de fezes, urina, gás carbônico , água e calor . Em média , apenas 10% da energia de um nível trófico passa para o nível seguinte. Mas essa porcentagem pode variar entre 2% e 40% , dependendo das espécies da cadeia e do ecossistema em que estão. Portanto, podemos compreender porque uma cadeia alimentar dificilmente tem mais do que cinco níveis tróficos: a quantidade cada vez menor de matéria e de energia disponível ao longo da cadeia permite sustentar uma quantidade cada vez menor de consumidores. Como vimos, os resíduos voltam para a cadeia pela ação dos decompositores e da fotossíntese. Assim, podemos dizer que a matéria de um ecossistema nunca se esgota. No entanto, parte da energia é transformada em trabalho celular ou sai do corpo do organismo na forma de calor -   e esta é uma forma de energia que não pode ser usada na fotossíntese. Por isso o ecossistema precisa , constantemente , receber energia de fora. Em outras palavras , enquanto a matéria do ecossistema está em permanente reciclagem, parte da energia se perde como calor.  Há um fluxo unidirecional de energia , que vai dos produtores para os consumidores. É possível dizer que um ecossistema é fechado em relação à matéria  e aberto quanto à energia . Em ultima análise , é o Sol que fornece , na forma de luz, a energia necessária ao funcionamento das cadeias alimentares.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Os Que Migram Por Razões Econômicas


Aqueles que migram por razões econômicas dirigem-se principalmente aos países desenvolvidos. Após as guerras mundiais, os países europeus - principalmente Alemanha, França e Inglaterra - estimularam as migrações de mão-de-obra barata oriunda de alguns países subdesenvolvidos. Essa migração foi importante para a reconstrução de países europeus, além de equilibrar o déficit populacional decorrente dos milhões de pessoas que morreram na Segunda Guerra. Atualmente, esses países europeus fazem inúmeras restrições à entrada de imigrantes. No entanto, essa política de fechamento das fronteiras não tem evitado o movimento migratório. Os imigrantes continuam atravessando fronteiras, mas ilegalmente ; quando descobertos pelas autoridades locais, são sumariamente deportados. Em quase todos os países desenvolvidos são encontrados grupos políticos de extrema-direita, os quais , dependendo do país , contam com o apoio de parcela significativa da população. Em muitos casos, esses grupos chegam a propor o repatriamento de imigrantes , inclusive daqueles que tiveram sua situação regularizada. Mas nem sempre são as pessoas pobres que migram. A migração para os países desenvolvidos atinge, em sua maior parte , a população de renda média dos países subdesenvolvidos . No início do século XXI, os mais de dois milhões de brasileiros que viviam no exterior pertenciam , principalmente , às classes média e baixa. A migração rumo ao mundo desenvolvido é acessível a uma pequena parte da população .
Quem migra por razões de miséria absoluta , mal consegue ultrapassar as fronteiras de seu próprio país. Na África e em algumas regiões da Ásia (Sul e Sudeste), a situação de miséria desfavorece a saída do continente ; as pessoas então se deslocam de regiões fragilizadas economicamente para outras que tampouco podem lhes oferecer melhores perspectivas de vida. É na África subsaariana , também denominada África Negra, onde ocorre o maior fluxo de migrantes: milhões de pessoas mudam constantemente de país , muitas vezes também em razão de conflitos (guerras civis, que agravam a situação de pobreza), mas não conseguem sair do continente.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sociedade do Desperdício


A competição industrial , tendo como elementos catalisadores a obsolescência programada e a propaganda que cria necessidades artificiais, gerou - como um de seus filhos mais feios - a sociedade do desperdício. O advento da era do descartável contribuiu muitíssimo para esse fenômeno. Saudado como um símbolo de modernidade, indicador de inequívoco progresso, o descartável é uma das principais causas do consumo crescente de matérias-primas e , consequentemente , do aumento da quantidade de lixo gerado.

Latas de conservas , refrigerantes e cervejas em latas de folha-de-flandres e principalmente de alumínio, bebidas e líquidos diversos em vasilhames de vidro não -retornáveis , garrafas e copos de plástico, aparelhes de barbear, canetas esferográficas, isqueiros e uma infinidade de outros produtos têm vida útil  extremamente efêmera. Todo o trabalho agregado, a energia consumida, os diversos materiais
envolvidos (sem considerar os elementos indiretos , como transporte, comercialização etc.) são descartados , às vezes, em questão de segundos. No caso , por exemplo, dos copinhos desses por dia! Tenha ele a necessidade de beber vários copos d'água seguidos, ou apenas um dedo de água , o copo terá o mesmo destino, isto é, a lata de lixo. Frequentemente se utilizam dois copos de uma só vez , principalmente para café.


  • (Penna, Carlos Gabaglia. O "Estado do Planeta". Sociedade de consumo e degradação ambiental. Rio de Janeiro , record, 1999, p.34)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

As Teorias Antinatalistas Da Segunda Metade do Século XX


O fenômeno da explosão demográfica contribuiu para que surgissem novas teorias relacionadas ao crescimento populacional. As primeiras teorias associavam o crescimento demográfico à questão do desenvolvimento e propunham soluções antinatalistas para os problemas econômicos enfrentados pelos países subdesenvolvidos. Ficaram conhecidas como teorias neomalthusianas, por serem catastrofistas e por apontarem o controle populacional como única saída. Mas , ao contrário de Malthus , os neomalthusianos eram favoráveis ao uso de métodos em massa nos países do mundo subdesenvolvido. Argumentavam que os países que mantêm elevadas taxas de crescimento vêem-se obrigados a investir boa parte de seus recursos em educação e saúde, devido à grande porcentagem de jovens que abrigam. Essas elevadas somas de investimentos poderiam ser aplicadas em atividades produtivas, ligadas à agricultura, à indústria , aos transportes etc., que dinamizariam a economia do país. Os neomalthusianos ressaltavam ainda que o crescimento acelerado da população de um país acarretava a diminuição de sua renda per capita.
Portanto, para aumentar a renda média dos habitantes , era necessário controlar o crescimento populacional. Os argumentos convincentes dos neomalthusianos foram desfeitos pela dinâmica demográfica real. Os países que tiveram quedas acentuadas em suas taxas de natalidade foram aqueles cujas conquistas econômicas estenderam-se à maioria dos habitantes , na forma de maior renda e melhoria do padrão cultural. A história comprovou que havia uma inversão  no pensamento neomalthusiano. A redução do crescimento populacional não é o ponto de partida para a conquista do desenvolvimento social e econômico, mas o ponto de chegada. Essa dinâmica demográfica já havia sido apontada pelos reformistas que destacavam as conquistas socioeconômicas como responsáveis pela redução das taxas de crescimento populacional. Para os reformistas , uma melhor distribuição de renda e o maior acesso à cultura e à educação podem modificar os padrões de crescimento e promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Outra visão antinatalista surgiu com alguns ecologistas já no final da década de 1960. com a publicação do livro "A Bomba Populacional" de Paul Ehrlich. Mas esses ecologistas não se limitaram à questão demográfica para discutir as ameaças dos problemas ambientais. Ressaltarem o papel negativo do consumismo da população dos países  desenvolvidos e , portanto , necessidade de transformação do modelo econômico do mundo atual.


sábado, 8 de abril de 2017

UMA SOCIEDADE COM DIREITOS PARA POUCOS




Cem anos após a independência, nos anos 1920, o legado colonial, principalmente da escravidão, continuou presente na sociedade brasileira. Os valores de liberdade individual praticamente inexistiam na sociedade escravocrata e pouco significavam para a maioria da população. Para os não escravos, os direitos civis só existiam no papel. Se a maioria estava abaixo da lei, os senhores coronéis estavam acima dela. Os direitos de ir e vir e de propriedade , a inviolabilidade de domicílio e a proteção da integridade física dependiam do poder dos coronéis. São da época dos coronéis, por exemplo, algumas expressões que continuam vivas: "Para os amigos, pão; para os inimigos, pau"; "Para os amigos, tudo; Para os inimigos, a lei". Somente no final da década de 1920, em decorrência da imigração e da luta dos trabalhadores nas grandes cidades, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, algumas pequenas conquistas foram alcançadas , como os direitos de organização, de manifestação , de escolha do trabalho e de fazer greve. Mas, como aos olhos dos governantes a "questão social era uma questão de polícia", houve muita repressão. Os direitos políticos eram igualmente restritos . Considerava-se a constituição de 1824 liberal, pois permitia que votassem todos os homens (as mulheres não votavam) acima de 25 anos, com a renda de 100 mil réis, mesmo que fossem analfabetos; com isso, apenas 13% da população tinha condição de votar . O voto era obrigatório , como é ainda hoje. E, como já vimos, as eleições eram controladas pelos coronéis locais ou pelas oligarquias regionais, o que significava que a decisão do voto estava na mão de quem tinha poder. Era o chamado "voto de cabresto" . Em 1881, a Câmara de Deputados votou uma lei que aumentava a renda dos eleitores para 200 mil réis e proibia o voto dos analfabetos. Em decorrência, como somente 15% da população era alfabetizada, 80% da população masculina perdeu o direito de votar. Nas eleições parlamentares de 1886, por exemplo, votaram pouco mais de 100 eleitores, ou 0,8% da população brasileira. Essa situação legal não mudou com a primeira constituição da República, promulgada em 1893; no ano seguinte, apenas 2,2% da população votou e, em 1930, 5,5% dos brasileiros foram às urnas.

Como podemos ver , os governantes eram escolhidos por pouquíssimas pessoas , uma minoria que exercia o direito de voto. Com os direitos civis e políticos tão restritos, os direitos sociais eram quase inexistentes  durante o período imperial e a República Velha  . A assistência social estava nas mãos das irmandades religiosas ou de sociedades de auxílio mútuo organizadas por pessoas leigas. Essas instituições funcionavam para quem contribuía, fazendo empréstimos, garantindo apoio em casos de doença, auxílio funerário e, em alguns casos, pensão para viúvas e filhos. O estado não se envolvia nessas questões. os direitos dos trabalhadores das cidades não existiam e, quando se estabelecia alguma regulamentação - como a da jornada de trabalho infantil  (18912) ou a do direito de férias (1926) -, seu cumprimento não era levado em conta nem cobrado  pelas autoridades. Na zona rural, prevalecia a dependência do trabalho em relação ao grande proprietário, que em geral fornecia alguma assistência médica e remédios, numa atitude paternalista que encobria a exploração. Na área do ensino , a Constituição de 1924 estabelecia como obrigação do Estado fornecer educação primária , mas essa determinação nunca foi  efetivada. A constituição de 1891 retirou essa obrigação do Estado , ou seja, a educação passou a ser uma questão particular. muitos foram os movimentos sociais que surgiram nesse período para modificar o cenário político e social em várias partes do Brasil, o que demonstra que a população tinha noção de seus direitos e dos deveres do Estado. Mas tais movimentos refletiam muito mais reações dos abusos sofridos do que tentativas de proposição de novos direitos.
                      Fonte: Livro - Sociologia Para O Ensino Médio (Nelson Dacio Tomazi) -Página 152

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