Com a aglomeração nos grandes centros urbanos e o desenvolvimento das novas mídias , a acultura popular urbana tomou novas formas. Promovendo a animação de festas e confraternizações públicas , aos poucos , o samba , o frevo e o choro desenvolveram-se como ritmos genuinamente brasileiros e caíram no gosto popular. Apesar da repressão oficial , o carnaval , promovendo uma intensa mistura das tradições europeias com o tradicional entrudo, de referências indígenas e africanas . Ao mesmo tempo , com a valorização das práticas esportivas , os clubes de regatas apareceram e o futebol se popularizou. Ainda sob influência europeia e norte-americana , lutando contra os fortes preconceitos aqui presentes, um movimento pelos direitos femininos começou a tomar corpo no Brasil. Em 1917, no Rio de Janeiro , ocorreu uma passeata pelo voto feminino. Em 1922, Bertha Lutz (1894-1976) organizou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, com os objetivos de promover a educação da mulher e lutar pela inclusão dos direitos femininos na legislação . Paralelamente , cinemas e revistas apresentaram uma nova mulher, com as saias subindo até os joelhos , decotes , maquiagem e cabelos curtos. Novas oportunidades de trabalho surgiram no mundo urbano: para telefonistas , secretárias , balconistas , enfermeiras e professoras. Diante de toda essa agitação social, artistas e intelectuais reavaliavam os rumos do país. Por um lado, desde 1916,o poeta Olavo Bilac deflagrava uma campanha cívica em defesa do serviço militar obrigatório e de uma mobilização patriótica nacional. Em 1917, quando os submarinos bombardearam navios mercantes brasileiros , os discursos nacionalistas se acentuaram . Por outro caminho, obras como as de Euclides da Cunha (Os Sertões , 1902), Monteiro Lobato (Urupês, publicada em jornal desde 1914) d Lima Barreto triste Fim de Policarpo Quaresma , 1915) traziam questionamentos a certo nacionalismo ufanista e apontavam o desconhecimento , por parte de intelectuais e governantes , dos reais problemas brasileiros. O marco simbólico desse despertar literário para a realidade nacional foi a realização da Semana de Art Moderna , em 1922, na cidade de estética promovida pelas vanguardas artísticas europeias, Heitor Villa-Lobos , Mário de Andrade, Oswald de Andrade , Manuel Bandeira , Manotti del Picchia , Plínio Salgado , Anita Malfatti , Di Cavalcanti e Victor Brecheret , entre outros propunham uma ruptura com a linguagem acadêmica e pomposa que impregnava a produção nacional. Ao mesmo tempo que faziam uma ruptura estática , os modernistas buscavam uma aproximação com temas ligados á realidade nacional , abordando o os indígenas , os negros , os mulatos , os caipiras , os operários , o cotidiano das cidades, a ingenuidade , a malandragem , as culturas populares , etc. Reconheciam-se , enfim , os brasileiros como um povo com múltiplas heranças culturais. Pensando a cultura nacional de maneira mais profundada , os intelectuais e artistas modernistas engajaram-se nos movimentos políticos brasileiros, especialmente , a partir de 1926. As posições antagônicas tomadas por alguns grupos refletiam a diversidade de ideias expressada pela primeira geração modernista , bem como a polarização política das sociedades brasileira e mundial no período.
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quinta-feira, 11 de maio de 2017
A Modernidade e a Cultura Nacional
Com a aglomeração nos grandes centros urbanos e o desenvolvimento das novas mídias , a acultura popular urbana tomou novas formas. Promovendo a animação de festas e confraternizações públicas , aos poucos , o samba , o frevo e o choro desenvolveram-se como ritmos genuinamente brasileiros e caíram no gosto popular. Apesar da repressão oficial , o carnaval , promovendo uma intensa mistura das tradições europeias com o tradicional entrudo, de referências indígenas e africanas . Ao mesmo tempo , com a valorização das práticas esportivas , os clubes de regatas apareceram e o futebol se popularizou. Ainda sob influência europeia e norte-americana , lutando contra os fortes preconceitos aqui presentes, um movimento pelos direitos femininos começou a tomar corpo no Brasil. Em 1917, no Rio de Janeiro , ocorreu uma passeata pelo voto feminino. Em 1922, Bertha Lutz (1894-1976) organizou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, com os objetivos de promover a educação da mulher e lutar pela inclusão dos direitos femininos na legislação . Paralelamente , cinemas e revistas apresentaram uma nova mulher, com as saias subindo até os joelhos , decotes , maquiagem e cabelos curtos. Novas oportunidades de trabalho surgiram no mundo urbano: para telefonistas , secretárias , balconistas , enfermeiras e professoras. Diante de toda essa agitação social, artistas e intelectuais reavaliavam os rumos do país. Por um lado, desde 1916,o poeta Olavo Bilac deflagrava uma campanha cívica em defesa do serviço militar obrigatório e de uma mobilização patriótica nacional. Em 1917, quando os submarinos bombardearam navios mercantes brasileiros , os discursos nacionalistas se acentuaram . Por outro caminho, obras como as de Euclides da Cunha (Os Sertões , 1902), Monteiro Lobato (Urupês, publicada em jornal desde 1914) d Lima Barreto triste Fim de Policarpo Quaresma , 1915) traziam questionamentos a certo nacionalismo ufanista e apontavam o desconhecimento , por parte de intelectuais e governantes , dos reais problemas brasileiros. O marco simbólico desse despertar literário para a realidade nacional foi a realização da Semana de Art Moderna , em 1922, na cidade de estética promovida pelas vanguardas artísticas europeias, Heitor Villa-Lobos , Mário de Andrade, Oswald de Andrade , Manuel Bandeira , Manotti del Picchia , Plínio Salgado , Anita Malfatti , Di Cavalcanti e Victor Brecheret , entre outros propunham uma ruptura com a linguagem acadêmica e pomposa que impregnava a produção nacional. Ao mesmo tempo que faziam uma ruptura estática , os modernistas buscavam uma aproximação com temas ligados á realidade nacional , abordando o os indígenas , os negros , os mulatos , os caipiras , os operários , o cotidiano das cidades, a ingenuidade , a malandragem , as culturas populares , etc. Reconheciam-se , enfim , os brasileiros como um povo com múltiplas heranças culturais. Pensando a cultura nacional de maneira mais profundada , os intelectuais e artistas modernistas engajaram-se nos movimentos políticos brasileiros, especialmente , a partir de 1926. As posições antagônicas tomadas por alguns grupos refletiam a diversidade de ideias expressada pela primeira geração modernista , bem como a polarização política das sociedades brasileira e mundial no período.
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