Procure aqui o que deseja saber

quinta-feira, 11 de maio de 2017

A Modernidade e a Cultura Nacional


Período de muitas transformações , os anos 1920 corresponderam a um momento de inquietação política e cultural , em que o país recebeu com maior intensidade, os influxos da modernidade europeia e norte-americana. Ao mesmo tempo , diante desse espelho, passou a repensar sua própria identidade. Tendo como símbolos o automóvel , o cinema e o avião , essa modernidade valorizava o dinamismo , a praticidade  e a competição . As multidões e os bondes elétricos passaram a fazer parte do cotidiano das grandes cidades brasileiras. O cinema divulgava o "american way of life", o novo modelo norte-americano. Aspectos da sociedade de consumo , como a produção em série de enlatados e roupas prontas e mais descontraídas, incorporam-se aos hábitos urbanos e trouxeram transformações quanto à sensibilidade e ao gosto. A indústria da comunicação se desenvolveu , com jornais, revistas e almanaques ilustradas, os quais falavam de política , moda, religião , humor e costumes. Fotografias , caricaturas e cartazes publicitários  proliferam nos grandes centros , ao lado do mercado fonográfico, da introdução do rádio e da popularização do cinema. A maior circulação de ideias favorecia as transformações artísticas e culturais.
Com a aglomeração nos grandes centros urbanos e o desenvolvimento das novas mídias , a acultura popular urbana tomou novas formas. Promovendo a animação de festas e confraternizações públicas , aos poucos  , o samba , o frevo e o choro desenvolveram-se como ritmos genuinamente brasileiros e caíram no gosto popular. Apesar da repressão oficial , o carnaval , promovendo uma intensa mistura das tradições europeias com o tradicional entrudo, de referências indígenas e africanas . Ao mesmo tempo , com a valorização das práticas esportivas , os clubes de regatas apareceram e o futebol se popularizou. Ainda sob influência europeia e norte-americana , lutando contra os fortes preconceitos aqui presentes, um movimento pelos direitos femininos começou a tomar corpo no Brasil. Em 1917, no Rio de Janeiro , ocorreu uma passeata pelo voto feminino. Em 1922, Bertha Lutz (1894-1976) organizou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, com os objetivos de promover a educação da mulher e lutar pela inclusão dos direitos femininos na legislação . Paralelamente , cinemas e revistas apresentaram uma nova mulher, com as saias subindo até os joelhos , decotes , maquiagem e cabelos curtos. Novas oportunidades de trabalho surgiram no mundo urbano: para telefonistas , secretárias , balconistas , enfermeiras e professoras. Diante de toda essa agitação social, artistas e intelectuais reavaliavam os rumos do país. Por um lado, desde 1916,o poeta Olavo Bilac deflagrava uma campanha cívica em defesa do serviço militar obrigatório e de uma mobilização patriótica nacional. Em 1917, quando os submarinos bombardearam navios mercantes brasileiros , os discursos nacionalistas se acentuaram . Por outro caminho, obras como as de Euclides da Cunha (Os Sertões , 1902), Monteiro Lobato (Urupês, publicada em jornal desde 1914) d Lima Barreto triste Fim de Policarpo Quaresma , 1915) traziam questionamentos a certo nacionalismo ufanista e apontavam o desconhecimento , por parte de intelectuais e governantes , dos reais problemas brasileiros. O marco simbólico desse  despertar literário para a realidade nacional foi a realização da Semana de Art Moderna , em 1922, na cidade de estética promovida pelas vanguardas artísticas europeias, Heitor Villa-Lobos , Mário de Andrade, Oswald de Andrade , Manuel Bandeira , Manotti del Picchia , Plínio Salgado , Anita Malfatti , Di Cavalcanti e Victor Brecheret , entre outros propunham uma ruptura com a linguagem acadêmica e pomposa que impregnava a produção nacional. Ao mesmo tempo que faziam uma ruptura estática , os modernistas buscavam uma aproximação com temas ligados á realidade nacional , abordando o os indígenas , os negros , os mulatos , os caipiras , os operários , o cotidiano das cidades, a ingenuidade , a malandragem , as culturas populares , etc. Reconheciam-se , enfim , os brasileiros como um povo com múltiplas heranças culturais. Pensando a cultura nacional de maneira mais profundada , os intelectuais e artistas modernistas engajaram-se nos movimentos políticos brasileiros, especialmente , a partir de 1926. As posições antagônicas tomadas por alguns grupos refletiam a diversidade de ideias expressada pela primeira geração modernista , bem como a polarização política das sociedades brasileira e mundial no período.

Leia Mais

Invasões de terra voltando com tudo no governo do Lula maldito

 Invasões de terra acontecem neste sábado, no Oeste Paulista, pelo FNL (Frente Nacional de Luta), nas fazendas abaixo: São Lourenço, Rosana;...

Postagens Destacadas